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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'A Justiceira' é mais do mesmo com muito sangue e ação


O francês Pierre Morel surpreendeu, em 2008, quando colocou o astro Liam Neeson (Silêncio) no papel de um pai que sofre pelo sequestro da filha. Busca Implacável não só se tornou um grande sucesso do ator e do diretor como, também, reinaugurou uma onda de filmes sobre justiceiros e vigilantes -- como O Protetor, John Wick, Justiceira e outros. Agora, Morel volta ao subgênero para contar a história de Riley (Jennifer Garner), mãe de família que enfrenta uma tragédia e decide agir com as próprias mãos.

O resultado disso é A Justiceira, longa sangrento, violento e com boas cenas de ação. Assim como em Busca Implacável, a motivação é familiar -- um traficante que, se sentindo ameaçado, mata marido e filha da protagonista -- e o desenvolvimento disso é genérico e clichê. Ainda que muitos possam se surpreender com a figura pouco óbvia de Garner (Com Amor, Simon), acostumada a filmes familiares, ela é pouco usada à favor da narrativa. Se trocasse pelo Neeson, Nicolas Cage e afins, daria quase na mesma.

Culpa disso é a narrativa pouco inspirada de Chad St. John (do fraco Invasão a Londres), que se perde no desenvolvimento da personagem. Ainda que o drama familiar seja intenso e dramático, a transferência desse sentimento para a ação descabida é artificial. Não se entende como a personagem chegou ao nível de ser uma justiceira, nem como se preparou para aquilo. Apenas acontece e o roteirista, preguiçoso, espera que o público compre aquilo sem questionar ou estranhar. Um flashback já resolveria tudo.

Ainda bem, porém, que Morel sabe aproveitar as deixas e fazer um bom cinema de ação, na linha de Duro de Matar e, é claro, Busca Implacável. Mesmo sem trazer originalidade, novamente, as coreografias são bem executadas e Jennifer Garner está em seu ápice físico e dramático, conseguindo transitar entre os gêneros de forma crível. Se não fosse ela, o filme perderia muito em qualidade e se tornar apenas mais um genérico da estirpe de Jaume Collet-Serra (O Passageiro), Johnny Martin (Uma História de Vingança) e afins.

A atriz, aliás, carrega o filme nas costas em termos interpretativos. De resto, o elenco não funciona ou não ganha destaque. Falta, sem dúvida, ator coadjuvante de peso ali.

O filme, além de subestimar a inteligência do espectador com as transformações já citadas, também não se esforça para criar boas reviravoltas e, enfim, capturar a atenção com um bom final. Ainda que a cena de ação que conclui a narrativa seja muito bem dirigida por Morel, algumas revelações causam o impacto de uma folha caindo no chão. Talvez tivesse sido melhor apostar em algo mais dramático ou que permitisse que Garner brilhasse ainda mais. Chad St. John não tem habilidades criativas ofuscantes.

A Justiceira, então, é um filme mais do mesmo que vai agradar quem busca um divertimento nos cinemas regado a sangue, violência e boas cenas de ação, com uma atriz pouco óbvia e em seu ápice interpretativo. No entanto, quem esperava um filme que revertesse a lógica do gênero e que, de fato, empoderasse as mulheres na ação, vai se decepcionar. Morel, infelizmente, faz apenas o arroz com feijão para marcar presença nos cinemas. Não é desta vez que ele deve reinventar outro subgênero nas telas.

 

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