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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'A Maldição da Chorona' faz boa mistura de horror e comédia


Cena de 'A Maldição da Chorona', com Linda Cardellini

O nome é terrível. Ao contrário de Invocação do Mal, Annabelle e A Freira, que são títulos que dão medo facilmente, A Maldição da Chorona só desperta um riso involuntário -- isso quando não é dito em espanhol, La Llorona. Por isso, difícil encarar com seriedade este novo lançamento da Warner, que chega aos cinemas nesta quinta-feira, 18. A sensação é de que vai ser uma paródia e não horror. Mas que surpresa. O filme, ainda que tenha uma história risível, assusta, é bem dirigido e faz rir pelos motivos certos.

O filme, que se passa nos anos 1970, em Los Angeles, acompanha a história de Anna Tate-Garcia (Linda Cardellini), uma assistente social que cria seus dois filhos sozinha após a morte de seu marido. Só que logo as coisas começam a complicar em sua vida. Ela, repentinamente, vê semelhanças entre um caso que está investigando e a entidade sobrenatural La Llorona -- ou A Chorona, em português. A lenda conta que, em vida, La Llorona afogou seus filhos e depois se jogou no rio, se debulhando em lágrimas. Agora ela chora eternamente, capturando outras crianças para substituir os seus filhos.

Baseada nesse folclore mexicano, mas que também corre pela América Latina toda, a trama é o ponto fraco de A Maldição da Chorona. Ainda que a história de origem da assombração seja interessante, ela é pouco explorada no filme. Culpa dos roteiristas Mikki Daughtry e Tobias Iaconis (ambos do fraco A Cinco Passos de Você), que não sabem escapar dos clichês básicos do gênero. Tem o porão, tem o sótão, tem todos os personagens burros possíveis, tem dezenas e dezenas de situações previsíveis. Difícil.

O que salva o filme de ser uma bomba como A Freira é a excelente visão cinematográfica do diretor Michael Chaves, que faz sua estreia em longas e é o responsável por Invocação do Mal 3. Ele não tem medo de ousar com planos complexos, como um plano-sequência logo no início que ajuda o espectador a se situar no ambiente. Além disso, vários dos jumpscares -- e que existem aos montes -- funcionam por causa da boa câmera do diretor . Ele sabe onde posicionar e como dar o bote para o susto.

Falta, porém, uma melhor ambientação. Ainda que o filme se passe em 1970, a estilização fica abaixo do esperado. O diferencial, aqui, poderia ser justamente esse. Um bom visual com um bom diretor faz com que até o pior dos roteiros passe batido.

Já o elenco é instável. Linda Cardellini (a Velma de Scooby-Doo) está bem como protagonista, ainda que grite exageradamente em alguns momentos. Os pequenos Roman Christou e Jaynee-Lynne Kinchen se saem bem aqui e ali, mas mais erram do que acertam. O mesmo vale para a chatíssima Patricia Velasquez (A Múmia), que não consegue passar veracidade em cena alguma -- o jeito que fala La Llorona, pela primeira vez, desfaz todo horror ao redor da criatura. Quem se sai bem mesmo, afinal, é Raymond Cruz (Breaking Bad). Tem um humor peculiar, que eleva o nível do filme.

Assim, no final das contas, A Maldição da Chorona funciona no horror por conta do talento de Chaves e faz ser gostoso de assistir por conta da atuação de Cruz -- de novo, os mexicanos, mesmo que descendentes, salvam o dia. É um filme que, dentro do universo de Invocação do Mal, se sai anos-luz melhor do que A Freira e o primeiro longa da Annabelle. Mas, ainda assim, está abaixo dos dois filmes de Invocação do Mal e da segunda história da boneca amaldiçoada. Assusta, faz rir, diverte. Bom entretenimento.

 

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