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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'A Pior Pessoa do Mundo' é filme que foge de gêneros para falar da vida


Sempre que acabo de ver um filme, corro para o Letterboxd (me segue lá!) para marcar minha opinião. Aproveito para colocar algumas tags no filme para organizar minha biblioteca. E, confesso, fiquei perdido quando tentei encontrar as palavras-chave para A Pior Pessoa do Mundo, filme que chega aos cinemas nesta quinta-feira, 24, e que concorre ao Oscar de 2022.


Dirigido pelo talentosíssimo Joachim Trier (Thelma, Mais Forte que Bombas), o longa-metragem basicamente fala sobre os dilemas cotidianos de Julie (Renate Reinsve), uma jovem altamente indecisa. Não sabe qual curso fazer na faculdade, não sabe com o que trabalhar e, principalmente, não sabe o quer no universo amoroso -- ter relacionamento sério? Filhos?


No entanto, isso é mais no prólogo. Depois, quando Trier insere os 12 capítulos centrais do longa-metragem, a coisa anda de vez. A pior pessoa do mundo? Obviamente, Julie não faz mal pra ninguém. Mas, mais do que indecisa, ela faz o que quer. Segue seus instintos, seus desejos. Ama, desama, corre pra lá, corre pra cá. Desiste e aceita. Fica orgulhosa, se arrepende.

Julie, ao contrário do que dita a regra patriarcal, não liga exatamente para o que estão pensando. Por isso que ela se sente a pior pessoa do mundo. Às vezes, por fazer o que está sentido, se sente um lixo. Quem nunca? Tudo isso é ancorado em uma atuação brilhante (que merecia uma indicação ao Oscar!) de Reinsve (Oslo, 31 de Agosto), que sabe como ser essa jovem comum.


Além disso, Trier faz Cinema. Com "c" maiúsculo. Duas cenas, em específico, entram de cabeça no concorrido prêmio de Melhor Cena do Ano: a que ela corre com o mundo congelado ao seu redor e a outra em que usa cogumelos alucinógenos. Brilhante! Trier sabe como mexer com as emoções e fazer com que aquilo, mesmo fantasioso, seja identificável, assim como em Thelma.


A Pior Pessoa do Mundo, assim, fala sobre amor, sobre emoções, sobre verdade, sobre o que eu, você e todos nós podemos sentir. Obviamente que não me vi em tudo que acontece na vida de Julie, mas consegui enxergar várias coisas da minha vida que acontece com ela. Isso é maravilhoso: se ver no cinema, e enxergar a si próprio, talvez seja a maior dádiva das telas.


Isso sem falar de outros acertos absolutos de A Pior Pessoa do Mundo: a trilha sonora, a fotografia, as atuações coadjuvantes. Nada está fora do lugar -- há, sim, uma perda de ritmo ali no final, quando surge uma trama paralela, mas faz sentido dentro da proposta geral da coisa. É um filme brilhante. Fica minha torcida para o Oscar, ainda que saiba que as chances são poucas.

 

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