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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'A Princesa e a Plebeia', da Netflix, é clichê mal escrito


A Netflix tem diversificado, cada vez mais, seu ramo de atuação nas produções originais. É possível encontrar, dentre outras coisas, odisseias medievais (Legítimo Rei), romances adolescentes (A Barraca do Beijo, Para Todos os Garotos que já Amei) e até algumas tentativas de horror (Jogo Perigoso). No entanto, o serviço de streaming tem se revelado como um grande apreciador do espírito natalino. Nas últimas semanas, a sua grande aposta para atingir o grande público tem sido com o lançamento de filmes sobre o Natal, tal qual clássicos da Sessão da Tarde. Como é o caso de A Princesa e a Plebeia.

Colocando a ex-estrela teen Vanessa Hudgens (High School Musical) como protagonista, o longa começa contando a história de Stacy, uma confeiteira certinha e desiludida que é convidada para participar de um concurso de confeitaria no final do ano promovido pela casa real de Belgravia. Uma vez que aceita ir ao local, junto do sócio e amigo Kevin (Nick Sagar), ela acaba entrando numa estranha trama. Afinal, por um motivo muito mal explicado, ela descobre ser idêntica à Princesa Margaret, que vai se casar em breve com o belo Príncipe Edward (Sam Palladio). As duas, então, resolvem trocar de identidade.

A Princesa e a Plebeia, que não consegue nem ser original no título, tem um clima de Natal gostoso, bem filmado e com boa ambientação. Afinal, tudo ali já foi visto em Natal Muito, Muito Louco, O Grinch, Esqueceram de Mim e afins. A neve, presentes, pessoas com casacos coloridos. Há uma sensação de familiaridade que aquece o coração e que ajuda a entrar no clima natalino -- por mais quente que esteja no Brasil e arredores.

No entanto, fica difícil entrar de cabeça na história por conta do roteiro preguiçoso de Robin Bernheim Burger (I'll Be Home for Christmas) e da estreante Megan Metzger. Os prontos principais do filme, como a inscrição no tal concurso real e a troca da rainha pela plebeia, são mal explicados, mal escritos. Nada ali faz sentido se o espectador parar para pensar por alguns segundos. E, se o fizer, sairá incomodado. Afinal, apesar de ser uma situação mágica e natalina, ficam parcos os vínculos com a realidade, com a vida de cada um. As roteiristas poderiam ter se dedicado um pouco mais na tarefa.

Mike Rohl, que é conhecido por dirigir séries, até que conta com habilidades medianas na condução de A Princesa e a Plebeia. A direção de atores tem um bom resultado, principalmente, no que diz sobre o trabalho de Vanessa Hudgens. Ainda que limitada, ela consegue criar boas diferenças entre a personagem de Stacy e de Margaret. Uma de gestos mais refinados, outra mais simples e comum. Funciona em cena e até parece que ela está gostando do papel. Já Nick Sagar (da série A Rainha do Sul) e Sam Palladio (Aposta Máxima) são fracos e sem vida, ainda que tenham química com seus pares.

Vale ressaltar, porém, que o cineasta não é muito bom em criar. Além dos elementos semelhantes na ambientação com dezenas de outros filmes, a trama, a todo momento, reverbera em alguns outros clássicos da Sessão da Tarde, como Operação Cupido e, até mesmo, O Príncipe de Natal. Fica um gosto amargo na boca de reciclagem de ideias, mas que pode agradar os que buscam uma nostalgia dessas histórias e do clima geral de Natal.

De resto, difícil agradar alguém. Afinal, A Princesa e a Plebeia não traz nada de novo, nada de incrível ou de surpreendente. Fica apenas no campo do confortável. Os que buscam reviver essas simpáticas, idealizadas e românticas histórias de Natal até que devem encontrar certo conforto. O resto, sem dúvidas, vai se atentar para alguns ou todos os erros que o longa-metragem cometa. E assim, nada de clima de Natal. Apenas um frio intenso que deve congelar os corações ávidos por boas tramas natalinas. Se quiser isso, vá ver O Grinch ou se aventurar em longas do passado. Esse, não deu.

 

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