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Foto do escritorBárbara Zago

Crítica: 'Adoráveis Mulheres' é celebração ao feminismo

Dar vida a um clássico exige certa responsabilidade, ainda mais quando se trata de um romance que, após décadas, permanece atual. Adoráveis Mulheres, escrito originalmente por Louisa May Alcott na década de 1860, recebe uma adaptação da diretora de Lady Bird, Greta Gerwig, e traz à tona as dificuldades e injustiças que parecem acompanhar às mulheres durante sua vida.


A história retrata o crescimento de quatro irmãs que viveram durante os resquícios da Guerra Civil. Com um elenco de peso, Saoirse Ronan (Brooklyn) é Jo March, uma escritora que tenta vender suas obras, mas que constantemente se depara com editoras sensacionalistas; Emma Watson (Harry Potter) é a graciosa Meg, a mais velha das irmãs que possui um jeito quase maternal de ser; Florence Pugh (Midsommar) é Amy, a artista incompreendida e mimada; e , por fim, Eliza Scanlen (Objetos Cortantes) é Beth, uma enferma pianista talentosa.


Ainda que Jo seja a protagonista do filme, Gerwig consegue muito bem desenvolver cada uma delas e fazer com que o público entenda como cada um se relaciona - entre elas e com o mundo. Enquanto vivem as consequências deste cenário pós guerra, a família March conhece o vizinho Laurie, um garoto de família rica, interpretado por Timothée Chalamet (Me Chame Pelo Seu Nome). Doce e charmoso, o personagem constrói diferentes relações com cada uma das irmãs e questiona o público sobre os diferentes tipos de amor.

A questão de gênero praticamente atravessa a vivência de todas as mulheres e o filme deixa isso nítido, em que são constantemente obrigadas a escutar que precisam casar com um homem rico. Mas Gerwig lida com isso de forma bela - dando autenticidade e vitalidade às suas personagens, que transitam no caminho oposto dessa forma de controle. Ainda que trate de uma temática densa, Adoráveis Mulheres é um filme leve e engraçado -- fazendo o espectador sentir tristeza e empatia nos momentos corretos.


O filme se passa como um túnel do tempo, o passado, quando as irmãs ainda eram adolescentes, e sete anos depois. Ainda que Gerwig se utilize de diferentes paletas de cores para demonstrar o presente e o passado, por vezes peca nesse vai e volta e deixa a linha do tempo confusa, sendo necessário se retirar um pouco da história para poder retomá-la. Por mais que seja sua maior fraqueza, de forma alguma tira o mérito do filme.


Com atuações excelentes, é uma pena que o filme não tenha insistido mais em determinadas cenas -- que inclusive poderiam render uma estatueta por parte da Academia. Existem três momentos filmados em plano sequência que, com um pouco mais de força, elevariam o filme à um outro patamar. Mesmo assim, o elenco não deixa a desejar, especialmente Saoirse Ronan, Florence Pugh e Timothée Chalamet.


Adoráveis Mulheres é sobre família e amor, além de sacrifícios e desafios que temos que enfrentar ao crescermos. E mais do que isso, Gerwig celebra o feminismo da melhor maneira possível, mostrando, como diria Jo, que mulheres têm "almas e mentes, assim como corações, e elas têm talento e ambição".

 

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