É inegável que Eric Belhassen se esforçou para colocar o longa-metragem AmarAção de pé. Típico cinema de guerrilha, feito com recursos próprios, o filme é protagonizado, dirigido e roteirizado por Belhassen. É digno de aplausos, ainda mais em um momento em que a cultura e o cinema, principalmente, estão sob constante ataques do governo federal. Merece atenção.
No entanto, a história de AmarAção não poderia ser mais ultrapassada. O longa-metragem acompanha a jornada de Erick (Belhassen), um homem que não consegue tirar a ex da cabeça. Mas, nada de paixão não resolvida. O que surge aqui é um feitiço. Uma amarração. A partir daí, acompanhamos a jornada desse homem ao lado do amigo (Caco Ciocler) em busca de solução.
O grande problema é que AmarAção está perdido no tempo em duas frentes. Primeiramente, a questão da religião. A história, que tem até a estranha brincadeira no título, fala sobre amarração. Trata religiões de raízes africanas de maneira um pouco torta, no limite da falta de respeito em alguns momentos. É uma história que faz sentido, mas que precisa de delicadeza.
Enquanto isso, há o fato de que AmarAção foca na desinteressante história de um homem tentando resolver os problemas da "ex malvada". Tem algo mais desinteressante do que isso? Até uns 10 anos atrás, era um tipo de filme que vingava nos cinemas -- (500) Dias Com Ela é o exemplo mais claro nesse sentido. Agora, é algo apenas datado, cansativo. Cheia a naftalina.
Como ponto positivo, assim, fica apenas o esforço de Belhassen em colocar esse projeto de pé. Não é fácil colocar um filme autoral assim nos cinemas. Há claros problemas técnicos também, como as cenas filmadas quase escondidas na França, e uma falta de coesão geral. Mas isso, aqui, relevamos. O problema é anterior: na história, no significado, na sensibilidade da trama.
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