Pense na seguinte situação: toda vez que você beija alguém, consegue ver todo o seu futuro com aquela pessoa -- seja no curto, médio ou longo prazo. Dá pra saber se vocês vão se dar bem, quais serão os problemas no meio do caminho, se terão sucesso no relacionamento. Essa é a história de Javier (Álvaro Cervantes), o protagonista de Amor ao Primeiro Beijo, filme da Netflix.
Estreia desta sexta-feira, 3, o longa-metragem conta a história desse homem que simplesmente consegue saber quando um amor é pra valer. Quando não é, ele já começa a pensar em meios para descartar o relacionamento e tocar a vida. Tudo muda, porém, quando ele e Lucia (Silvia Alonso), a namorada de seu melhor amigo, se beijam. Naquele momento, vê o futuro promissor.
De novo, se coloque no lugar de Javier. Ele passa o tempo todo em relacionamentos fadados ao fracasso até que, praticamente sem querer, beija a namorada do amigo e vê tudo o que ele sempre sonhou ter: um amor verdadeiro, uma vida leve e alegre, com viagens, festas, conforto. O que fazer? É uma situação complicada proposta no roteiro de Cristóbal Garrido e Adolfo Valor.
A partir daí, é praticamente inevitável não torcer por Javier e Lucia. Não só o romance flui bem na tela, apesar do começo turbulento, como há uma química rara de se ver na tela. Cervantes e Alonso se completam bem e faz com que o sentimento extrapole o que está passando no filme. Há tempos não torcia tanto por um casal como aconteceu aqui, em Amor ao Primeiro Beijo.
No entanto, como em todo bom filme romântico, há o elemento da dúvida. E isso nasce a partir da relação de Javier com uma bartender (Susana Abaitua) que deixa a vida levar. O filme entra em conflito com um triângulo amoroso que você, espectador, até aquele momento não espera -- apesar de ser regra para filmes desse tipo, praticamente, para não deixar a curiosidade morrer.
E aí nasce a graça e a desgraça de Amor ao Primeiro Beijo. O filme, dirigido por Alauda Ruiz de Azúa (Cinco lobitos), tem uma mensagem bem quadrada, até um pouco óbvia, e que surge artificialmente em determinado ponto da narrativa. Nós, espectadores, deveríamos entender que aquilo é o certo. Mas, com a boa química do casal, simplesmente somos levado pela emoção.
O final, com isso, deve causar frustração em uns, alegria em outros, estranheza em muitos. É um filme que foge bastante de alguns clichês, apesar de abraçar conceitos bem batidos do mundo da comédia romântica. E no final, lembrando o infinitamente superior Questão de Tempo, o longa-metragem mostra como as tramas românticas podem ir além e ainda mexer com a gente.
Que crítica bacana, gente! Adorei e agradeço, Matheus!