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  • Bárbara Zago

Crítica: 'António Um Dois Três' foge do óbvio, mas cria confusão desnecessária


Se acostumar com filmes clichês e produzidos a partir de uma fórmula quadrada pode fazer com que produções fora do óbvio não sejam fáceis, totalmente fora da caixinha, se tornem objeto de difícil compreensão e absorção. E é isso que acontece no longa-metragem António Um Dois Três, do estreante Leonardo Mouramateus. O filme vai se desconstruindo à medida que a história toma forma, a ponto de fazer o espectador se questionar o que de fato é realidade daquilo que é ficção, sem ver o limite entre elas.

No filme, após uma briga com o pai por ter abandonado a faculdade, Antônio (Mauro Soares) encontra refúgio na casa de uma ex-namorada e se envolve numa peça teatral cuja história é a mesma pela qual está passando.

De elenco majoritariamente português, António Um Dois Três é um filme que desafia nossos costumes e cria uma confusão proposital. Evitando se situar no tempo, o filme parece criar vivências paralelas para discutir as dificuldades em ser jovem, quando ainda não se é ninguém. Com uma atuação impecável, Soares soa tão natural que por vezes nos esquecemos de estar diante de uma tela de cinema. O protagonista possui uma sensibilidade exacerbada que é muito bem explorada; quando menos se espera, Antônio revela sentimentos de forma bastante profunda, permitindo que nos aproximemos do personagem.

Com um tom um pouco melancólico, que é intensificado pelo idioma lusitano, a nova obra de Mouramateus trabalha uma bela relação entre a vida e a arte, porém, na prática, isso nem sempre acaba sendo tão agradável. De fato, fugir dos padrões é importante -- só não existe garantia que dará certo. Seu difícil entendimento pode resultar numa monotonia, apesar de se tratar de um filme curto, com apenas 80 minutos de duração. Antônio Um Dois Três é ousado em sua proposta, porém não parece chegar ao ponto que queria, apenas à confusão.

 

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