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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: Apesar de clichês, 'Cemitério Maldito' assusta mais do que original


O Dr. Louis Creed (Jason Clarke) está cansado de sua vida como emergencista noturno, além da correria das grandes cidades, e decide se mudar para o interior do Maine, nos EUA. De mala e cuia, ele e a esposa Rachel (Amy Seimetz), a filha Ellie (Jeté Laurence) e o filho Gage (Hugo e Lucas Lavoie) compram uma casa tranquila, que tem apenas o velho Jud (John Lithgow) como vizinho, e um estranho e nada convencional cemitério de animais de estimação no quintal. É ali que começam a nascer os problemas da família.

Esta é a trama de Cemitério Maldito, filme escrito por Jeff Buhler (Maligno) e dirigido pela dupla Kevin Kölsch e Dennis Widmyer (Feriados). O longa é baseada num clássico livro de Stephen King e que já tem outras duas adaptações para as telonas. A primeira é o bom filme de 1989, repleto de terror trash e atuações sinistras. A outra é a continuação de 1992. É tão ruim que até a família da diretora Mary Lambert deve ter sentido uma ponta de vergonha. Ou seja: há 30 anos que a história estava adormecida.

Felizmente, o novo filme é um remake que se justifica. O filme de 1989, apesar da boa adaptação, tinha severas limitações orçamentárias e, principalmente, tecnológicas. Com isso, a qualidade acabou ficando abaixo e hoje, quem assiste ao longa da própria Mary Lambert, não deve embarcar com a mesma facilidade -- principalmente crianças e jovens, acostumados com os efeitos de Vingadores e companhia. Além disso, ao invés de seguir a trama a risca, Kölsch e Widmyer deram uma nova vida à história de King.

Isso sem falar das boas e divertidas referências que fazem à produção clássica. Desde a cena da rodovia até a busca de Jud por alguém em sua casa. Tudo é bem pensado.

O foco, desta vez, não está no garotinho Gage -- ainda que tenha uma boa atuação dos irmãos gêmeos Hugo e Lucas Lavoie. É a pequena Jeté que, aqui, assume um quase protagonismo. Estreante em longas, a atriz mirim acerta o tom de sua personagem e consegue mexer com a audiência. Não é um acontecimento igual ao garotinho Miko Hughes, o Gage do filme de 1989, mas chega perto. O resto do elenco também vai bem. Principalmente Clarke (A Maldição da Casa Winchester), que tem errado na carreira.

A de se destacar, também, como este novo filme se aproxima mais do que King escreveu em 1983, no livro O Cemitério. Muitas coisas que ficaram de fora na adaptação original entraram em melhor forma aqui, como a relação entre os familiares e a maldição que afeta a família. No entanto, vários problemas na história de King, dessa maneira, também ficaram mais evidentes. Como, por exemplo, a mitologia pouco explorada do Wendigo. Tanto no livro, como no filme, havia espaço de sobra pra ser mais explorado.

Quem busca terror de verdade, depois dos fracos Maligno e A Maldição da Chorona, pode encontrar alento aqui. Ainda que o suspense impere sobre o horror, há sustos bem orquestrados. Alguns jump scares se repetem em demasia -- como o caminhão em alta velocidade e a irmã de Rachel --, mas nada que atrapalhe. Afinal, o gato amaldiçoado e as cenas envolvendo a pequena Ellie compensam o resto. Estão assustadoras na medida certa, mas sem criar nada fora do normal. Funciona pro grande público do filme.

Assim, Cemitério Maldito é um bom filme. Não atinge o panteão de adaptações de Stephen King, como It: a Coisa, Conta Comigo, Um Sonho de Liberdade e Carrie, a Estranha. Está mais para um nível superior intermediário, ao lado de filmes como Misery, Lembranças de um Verão e A Hora do Lobisomem. Merece atenção e vai fazer sucesso dentre aqueles que querem algo mais no gênero de horror, mas sem inovar totalmente. E atenção: não veja o trailer se quiser boas surpresas ao ver o filme.

 

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