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Crítica: 'As Verdades' tem boas ideias em execução monótona

  • Foto do escritor: Matheus Mans
    Matheus Mans
  • 27 de jun. de 2022
  • 2 min de leitura

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Ryûnosuke Akutagawa escreveu, na década de 1920, dois textos que impactaram significativamente a literatura: Dentro do Bosque e Rashomon. Foi o autor japonês que trouxe as histórias de versões, em que um mesmo fato são contados a partir de diferentes perspectivas -- o que inspirou o clássico Rashomon nos cinemas. Agora, As Verdades embarca nesse formato.


Dirigido por José Eduardo Belmonte (Alemão 2), o longa conta a história de um crime cometido em um pequeno município baiano. É o primeiro caso de Josué (Lázaro Ramos), um delegado recém-chegado na cidade. Depois disso, essa história é contada de pontos de vista diferentes, dos três personagens presentes no momento do crime: Cícero (Thomas Aquino), o matador de aluguel; Francisca (Bianca Bin), a noiva do da vítima; e o próprio Vladmir (ZéCarlos Machado).

A partir disso, Belmonte constrói um quebra-cabeça em que, em última instância, fala sobre o crime. Só que em camadas mais profundas, há aqui uma história muito potente sobre violência contra mulher. Com boa atuação de Bin (Canastra Suja), há uma reflexão sobre como a sociedade encara esse tipo de violência e, é claro, como é desacreditada com "várias verdades".


Boa sacada e que torna o texto de Akutagawa moderno em um sentido trágico. O problema é que, mesmo com algumas sacadas inspiradas de Belmonte, o roteiro não consegue movimentar uma história de versões com profundidade. As diferenças entre as versões são sutis demais e não fica difícil, no final, formar sua própria versão. O espectador, uma pena, é pouco desafiado.


Poderia ter sido mais ousado em sua construção narrativa, colocando mais elementos que evidenciassem esse aspecto social da "versão feminina". Faltou coragem, e certa inventividade, em como o tema é tratado. Uma pena. Ainda assim, boas ideias em um filme que, mesmo com seus problemas, traduz um conto tradicional para um Brasil moderno e, infelizmente, desigual.

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