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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Carcereiros' derrapa com filme pouco coeso


O grande problema de filmes derivados de séries é manter a coerência. Como dialogar com dois tipos de público completamente diferentes? Como levar uma história, pras telonas, que sirva aos fãs e aos que nunca ouviram falar daquilo? É esta, talvez, a preocupação que derrubou Carcereiros: O Filme, longa-metragem que busca retratar a rotina do carcereiro Adriano (Rodrigo Lombardi) num evento isolado da série da Globo.

Aqui, José Eduardo Belmonte (Alemão) coloca um terrorista internacional (Kaysar Dadour) no meio do presídio de Adriano. Logo de cara, os líderes das facções começam a sentir um profundo incômodo. Afinal, como vão manter um homem como este entre eles? No entanto, a preocupação das facções dura pouco. Durante a calada da noite, homens fortemente armados entram no local e começam uma chacina sem controle.

E qual o objetivo? Será que estão ali para capturar o tal terrorista? Ou há algo a mais?

Belmonte opta, neste derivado da série, em fazer com que toda a trama se passe no presídio -- há apenas uma cena de Adriano com a filha, em casa. Todos os problemas e dores de cabeça se concentram nessa situação do presídio. E isso já é um problema por si só. Obviamente, o diretor optou por esse formato para evitar que a história do filme resvale no que a série pode vir a contar depois. Mas como desenvolver o personagem?

Tudo bem que há vários filmes que se passam, praticamente, num mesmo ambiente -- Deus da Carnificina, 12 Homens e uma Sentença, Festim Diabólico, Janela Indiscreta. Mas, do jeito que Belmonte optou por levar a trama, não adianta. Há uma necessidade urgente em fazer com que o público goste de Adriano. Para isso, precisaria ter um background. Como Duro de Matar, por exemplo. Do jeito que ficou, não funcionou.

E o pior é que este não é um problema concentrado apenas em Adriano. Há uma constelação de outros personagens que surgem e somem com a mesma rapidez, sem qualquer aprofundamento ou chamariz para criar empatia por eles. Assim, há um abismo emocional em Carcereiros. O espectador assiste passivamente o que transcorre na tela, apenas tendo emoções pontuais e determinadas pelo próprio ritmo de cena.

Além disso, são muitos roteiristas. Quatro, para ser mais exato -- Marçal Aquino, Fernando Bonassi, Dennison Ramalho e Marcelo Starobinas. Tantas cabeças pensando numa só história acabou gerando núcleos diversos e que não se conversam. Tony Tornado, por exemplo, é absolutamente subutilizado. Assim como Dan Stulbach, Rafael Portugal e o próprio Kaysar Dadour. Muito macaco para pouco galho.

Ainda assim, porém, há de se destacar que Belmonte sabe criar um clima. Há certa tensão e uma reviravolta específica é bem encaixada. Um público que não for esperando grandes histórias, com personagens inteligentes e marcantes, pode acabar se satisfazendo. É entretenimento puro e simples, sem enrolação. E a premissa, no geral, é muito boa -- um ataque ao presídio, tendo que proteger presos e colegas de trabalho.

Por isso tudo, no final, o saldo é negativo. Mas essa boa premissa, misturado com alguns momentos inspirados de Belmonte, fazem com que os erros sejam aliviados. Mas, ainda assim, nunca são esquecidos -- principalmente para quem prestar um pouco mais de atenção na trama. Não é filme péssimo, horrível. Mas as derrapadas técnicas, e a falta de atenção no roteiro, o impedem de ser um filme bom. É uma pena.

 

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