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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Desaparecida', da Netflix, é suspense brega e pastelão


Que vergonha é o filme Desaparecida, novo original argentino da Netflix. Artificial, brega e extremamente pastelão, o longa-metragem erra a mão ao tentar contar a história de um sumiço na região patagônica do país sul-americano. Nada ali funciona: desde fracas atuações, passando pela direção protocolar e sem identidade e indo até o roteiro cheio de remendas.

A trama, basicamente, mostra os efeitos desse sumiço em duas linhas temporais. A primeira, é claro, se passa na época do desaparecimento em si, quando uma professora leva cinco alunas para a região da Patagônia e, misteriosamente, acaba perdendo uma delas de vista. Do outro lado, anos depois, vemos uma investigadora querendo reabrir o caso.

A história é batida, mas poderia render alguma coisa interessante a partir do frio patagônico -- algo que Sangue Negro e Terra Selvagem fizeram em outras ambientações. Mas nem isso: o diretor Alejandro Montiel (do também fraco Um Paraíso Para Los Malditos) não consegue brincar com a trama que tem em mãos. Ao invés de explorar mais o ambiente e seus personagens, ele acaba refém do roteiro tosco. Falta identidade.

Além disso, o elenco é subaproveitado e, na maioria dos casos, não consegue mostrar um único bom momento de atuação. Intérprete da tal investigadora, Luisana Lopilato (Los Que Aman, Odian) fica num único tom durante toda a produção. Não consegue modular as emoções e passar isso para a tela. Amaia Salamanca, Cristóbal Pinto e Pedro Casablanc tampouco entregam atuações melhores. É tudo muito fraco, sem sal.

O problema de Desaparecida, porém, fica ainda mais evidente quando o clímax do roteiro salta à tela e exige competência do diretor e do elenco. E isso não vem. É um grande desastre: os atores ficam perdidos; o diretor fica inserindo clichês americanos para tentar justificar sua presença; o roteiro adota reviravoltas mirabolantes que não fazem sentido; e a incrível ambientação da Patagônia é jogada no lixo, sem ser inserida na trama.

Desaparecida, então, se torna um filme brega, pastelão, onde as coisas não se encaixam e, quando exigidas, mostram toda sua fragilidade. Nas mãos de uma equipe mais talentosa, o filme até poderia render uma produção mais interessante, curiosa e com charme. Mas não é o caso aqui, onde a Netflix consegue errar até mesmo com o ótimo apoio do cinema nacional argentino. Chance perdida e que serve apenas para passar o tempo.

 

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