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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: Tem algo muito interessante por baixo de 'Destinos Opostos'


Antes mesmo de assistir a Destinos Opostos, filme nacional que estreou nos cinemas nesta quinta-feira, 3 de agosto, ouvi várias pessoas comentando negativamente sobre -- um jornalista chegou a fazer piada no Twitter sobre quais colegas assistiram ao filme. Bobagem. Preconceito. O longa-metragem tem lá seus problemas, como falaremos a seguir, mas está longe de ser um desastre ou qualquer coisa do tipo. Há coração em Destinos Opostos, além de muita verdade.


Dirigido por Walther Neto, estreante em longas e com longa carreira em filmar o Rally Internacional dos Sertões, o longa-metragem tem uma história simples, de "volta para casa": Tony (Breno de Filippo) decide retornar para suas raízes, no coração do Pantanal, quando o pai morre. O objetivo é decidir o que fazer com a fazenda onde passou sua infância e ainda estão por lá pessoas importantes em sua vida, como Helena (Priscila Sol) e Jacinto (Jackson Antunes).


É impossível negar que o filme carrega uma aura muito forte que lembra a novela Pantanal: não só pela óbvia associação feita com a paisagem pantaneira, mas também pela trama fortemente fincada em conflitos familiares e geracionais, com o destino em xeque em um momento tenso.

Há uma constante sensação de que essa história já foi contada outras vezes e que nada ali é original. Ruim? Pode até ser. Mas, curiosamente, Destinos Opostos acabou me despertando um outro sentimento: conforto. Foi gostoso ver uma história "novelesca" nos cinemas, com personagens em conflitos por vezes exagerados, mas que desperta uma memória afetiva de uma trama cada vez mais escassa na tela grande -- sentimento similar com Megatubarão 2, um filme que nada tem a ver com esta estreia nacional, mas que resgata o trash do cinema de ação.


Esse sentimento positivo, que floresce em meio às repetições de histórias e personagens, também é contribuição de parte do elenco. Ainda que Breno de Filippo (Dom) seja o ponto mais fraco da trama, com uma atuação exageradamente carregada, nomes como Jackson Antunes (fazendo seu papel de sempre), Priscila Sol e Daniela Escobar compensam com atuações fortes e maduras, entregando o sentimento necessário quando o filme parece se perder nas beiradas.


Assim, fica o sentimento de que há algo bom por baixo de Destinos Opostos, com uma história que tem coração, verdade e sentimento -- além de ter coragem em produzir um tipo de história que está sumindo por conta da vilanização das novelas. Faltou experiência para Neto na hora de dirigir e, principalmente, um roteiro mais afiado, que não prolongue demais algumas situações ou que saiba ser mais inventivo em uma história que, aos trancos e barrancos, me fisgou.

 

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