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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: ‘Dívida Perigosa’ é lento, chato e sem propósito


A Netflix, pela milésima vez, volta a errar na produção de seus longas-metragens originais. Seu novo filme, que recebeu a péssima tradução de Dívida Perigosa, é chatíssimo e sem nenhum tipo de propósito. Estrelado pelo sempre irregular Jared Leto (Esquadrão Suicida e Clube de Compras Dallas), o filme tenta criar um clima de máfia e vingança, mas acaba ficando na superfície com uma história genérica, sem emoção e de pouca identificação com público.

O longa-metragem se agarra à um fiapo de trama: acompanha um americano, Nick Lowell (Leto), que acaba ficando no Japão após lutar na Segunda Guerra Mundial. Lá, porém, ele acaba se envolvendo com algumas das principais figuras da máfia japonesa e, para ficar em evidência, aceita realizar uma série de trabalhos violentos, complicados e que podem render problemas legais. No final, é uma mistura de filmes coreanos de vingança com longas sobre máfia.

Essa junção de gêneros poderia até ser benéfica se a direção de Martin Zandvliet (Terra de Minas) e o roteiro de John Linson e Andrey Baldwin (Atentado em Paris) fossem corajosos. Mas não. Ainda que tenha um começo com ares de O Conde de Monte Cristo e um pouco de Oldboy, o coreano, não há investimento no desenvolvimento dos personagens ou em cenas de grande impacto. Tudo fica na escuridão e não avança. Parece que falta ousadia para chocar.

Para ter uma ideia, o filme -- que trata da Yakuza, uma das mais violentas máfias do mundo -- tem uma única cena de ação violenta. O resto são pequenas atitudes de Lowell para ter algum espaço no mercado da máfia e para cumprir com algumas promessa antigas. Não há emoção, não há vínculo com os personagens. São várias situações que vão se conectado, nem sempre com explicações, para conseguir compor as duas horas de filme. Falta vínculo e emoção.

Jared Leto, desta vez, até que está bem e consegue passar uma eterna sensação de que está prestes a explodir para protagonizar cenas de violência dignas de Oldboy e Lady Vingança. Pena que esse momento não acontece. Emile Hirsch está absolutamente sem presença em cena e muito, muito apagado. Suzuki Motokatsu está apenas aceitável. O resto do elenco, sem grandes destaques ou grandes momentos do roteiro. Uma pena e um desperdício.

Ainda assim, porém, há de se elogiar alguns pontos. A ambientação do filme é muito boa e não esconde um possível grande investimento feito para a produção. Há um crescente clima de tensão que envolve a narrativa e que é muito bom durante cerca de 1h30 -- ainda que, depois, seja um tanto quanto frustrante. Mas é, afinal, o que deve segurar o espectador por tanto tempo.

Dívida Perigosa comprova, novamente, como a Netflix não sabe fazer filmes -- com exceção de Okja e Beasts of No Nation. Afinal, o longa-metragem de Martin Zandvliet não tem coragem pra extrapolar e sair de um tom genérico que apenas relembra outros filmes com a máfia e com temática de vingança -- ainda que não trate, literalmente, disso. É fraco, chato e genérico. Não vale o tempo.

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