top of page
Buscar
  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: ‘Essa Não é uma Comédia’, da Netflix, acerta com drama humano e real


Gabriel é um homem de pequenas posses. Quer seguir a carreira de comediante, mas é levado a sério demais. Quer também ser roteirista de um drama de ficção científica, só que não é levado a sério – chegam a sugerir que o filme é apenas uma “anedota”. Na vida pessoal, tudo isso se repete: relacionamentos fracassados, sonhos moribundos, fracassos cotidianos.


É essa a história de Essa Não é uma Comédia, que conta a história desse homem interpretado por Gabriel Nuncio (que assina a direção ao lado de Rodrigo Guardiola). Como o próprio título já deixa claro, o filme não é uma comédia. É um drama, daqueles bem humanos e reais, que mostra a vida desse homem fracassado, tentando a sorte sem sucesso e vagando por aí.


No entanto, há uma certa graça na sucessão de erros que afetam o personagem. A cena dele em um restaurante desesperado com a conta, enquanto sua companhia pede lagostas e vinhos caros, é hilária – apesar do personagem, em momento algum, dar a deixa do humor. É um pouco dos filmes dos irmãos Coen: a graça e o humor estão nos desastres e erros da vida.


Nuncio, intérprete dessa espécie de biografia sobre sua existência, é o ator ideal para o papel: ele passa esse sentimento de sofrimento de um personagem que tenta de tudo, mas simplesmente não consegue. Há poesia em sua dor. É interessante, também, a quase ausência de coadjuvantes: todos eles são passageiros demais, sem deixar qualquer tipo de marca.


A única derrapada mais evidente está no final. Parece que o roteiro, também assinado por Nuncio, não sabia como terminar a história. Há lirismo ali, sim, muito bem compreendido pelo contexto “espacial”. No entanto, é um pouco frustrante como nem tudo se resolve. Claro, na vida de Gabriel, nada pode se resolver. Mas é forte a sensação de um final feito sem rumo.


Essa Não é uma Comédia é uma boa surpresa da Netflix. Tem seu lado dramático interessante, mas também consegue fazer rir das agruras da existência. Tem seus problemas de desenvolvimento, principalmente com um final um pouco frustrante dado toda a história que foi mostrada. Mas, no final das contas, acerta a mão ao falar sobre a vida como ela é.

 

2 comentários
bottom of page