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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Fortaleza Hotel' é delicado drama brasileiro sobre solidariedade


Armando Praça já tinha chamado a atenção no comando de filmes com Greta, uma delicada história sobre sexualidade e solidão com Marco Nanini. Por isso, Fortaleza Hotel chega cercado de expectativa. Estreia desta quinta-feira, 27, o longa-metragem se concentra na história de Pilar (Clebia Sousa), uma mulher que deseja partir de Fortaleza para morar em Dublin, Irlanda.


A ideia dela é se afastar da vida que leva no Brasil, atravessando certa solidão e carregando algumas sinas como camareira de hotel — lugar, aliás, que dá título ao filme. No entanto, no meio do processo, surge Shin (Yeong-ran Lee), uma mulher sul-coreana que vem até o Brasil para dar um destino para o corpo do marido. É uma vinda a contragosto, sem saber do destino.


Logo, Fortaleza Hotel lida com duas forças em rota de colisão. De um lado, essa mulher cearense que quer deixar tudo que viveu para trás e, enfim, tentar uma nova vida em terras estrangeiras. Do outro, essa mulher que precisa lidar com uma perda, entender a cultura do País e, acima de tudo, se compreender como pessoa nesse processo que apenas impessoaliza.

Praça, porém, foge de qualquer conflito, qualquer esbarrão. Fortaleza Hotel é, sobretudo, sobre solidariedade dessas duas mulheres que nada possuem em comum — uma parte, a outra chega; uma é oriental, outra ocidental; uma é pobre, outra é de classe média. As diferenças não são o bastante para afastá-las, mas sim para deixar as duas personagens ainda mais próximas.


O cineasta ainda insere uma camada, estética e narrativa, que tudo tem a ver com o cinema de Wong Kar-Wai. Uma cena de tango, por exemplo, é uma clara referência ao longa-metragem Felizes Juntos. E isso, felizmente, não é algo que chega à toa dentro da narrativa. Faz sentido essa conexão entre Praça e o cinema do cineasta chinês, se conectando nas diferenças e vazios.


Fortaleza Hotel tem um probleminha de ritmo aqui e acolá e até algumas cenas mal explicadas e encadeadas dentro da narrativa. No entanto, é louvável como Praça conseguiu passar sentimento, emoção e verdade dentro de uma história de duas pessoas que se estranham, se confundem, e no final conseguem dar força uma para a outra. É cinema-verdade, cinema-poesia.

 

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