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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Fuga' é documentário potente, mas cansativo, sobre refugiados


A crise dos refugiados que eclodiu nos anos 2010 não é novidade para ninguém. Milhares de pessoas, principalmente indo do Oriente Médio para a Europa, morrem na travessia ou até mesmo em campos de concentração em que países colocam essas pessoas sem destino. Mas a crise dos refugiados é algo muito anterior, com feridas que ainda não cicatrizaram na memória.


Fuga mostra um pouco mais disso. Dirigido com habilidade por Jonas Poher Rasmussen, o filme exibido no É Tudo Verdade 2021 conta a história de um homem afegão que tem um passado que prefere esquecer. Afinal, entre sua infância e adolescência, teve que conviver com governos violentos, o sumiço do pai, terrorismo e, enfim, uma fuga desesperado para salvar a própria pele.


Sem poder mostrar a identidade desse homem, e sem nenhum tipo de material de sustentação além do depoimento deste protagonista-entrevistado, Rasmussen aposta na animação. A partir de traços sóbrios, o cineasta reinventa e conta a história desse homem a partir de suas memórias e das percepções imagéticas da criação do longa, sempre protegendo os retratados.

Há força e potência na história retratada do refugiado, mostrando como há histórias potentes a serem contadas para além da visão ocidental da nossa jornada. Não é preciso apenas contar histórias de travessias, em retratos frios e distantes. Oras, há muitos refugiados por aí, felizes em suas vidas. Vamos ouvir essas pessoas, compreender seus caminhos e viver seus futuros.


Fuga só tem um problema que pulsa ao longo dos 83 minutos de duração: o cansaço da narração, exagerada e muito presente. Com o artifício da animação, Rasmussen poderia ter brincado mais com a narrativa. Mas não. Há muita aposta na narração em off do personagem-entrevistado, cansando demais. Faltou uma dinâmica um pouco melhor, mais ágil e esperta.


Mas tudo bem. O documentário, que deve vir forte para a categoria de Melhor Documentário no Oscar 2021, é necessário, contemporâneo, bem realizado, potente. Uma história interessante que, apesar dos erros de condução, nunca perde a atenção do público. Vamos ouvir mais histórias como a de Amin, este homem comum e, ao mesmo tempo, com a vida extraordinária.


* Filme assistido na cobertura especial do É Tudo Verdade 2021, festival de documentários.

 
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