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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Golda' traz grande atuação de Helen Mirren, mas erra no discurso


É sempre difícil falar sobre a questão Israel-Palestina. O que pra mim é uma verdade absoluta, não é pra você -- e assim vai. Quem está com a razão? Quem está errado? Como resolver a questão? São problemas e dúvidas que acompanham a humanidade e que não possuem uma solução comum fechada. Por isso é problemático o discurso de Golda, estreia desta quinta, 31.


Dirigido por Guy Nattiv (do oscarizado curta Skin), o longa-metragem fala sobre uma personagem que se confunde com a própria história de Israel: Golda Meir (Helen Mirren), uma das fundadoras do Estado judaico e primeira-ministra durante um período de tensão, a Guerra do Yom Kippur. Acompanhamos, assim, sua atuação firme e intensa nos bastidores.


O problema? O problema está naquilo que surge na maioria dos filmes medianos de guerra: a partidarização. Nattiv, e o roteirista Nicholas Martin, não pensam duas vezes antes de abraçar a narrativa israelense. É Golda contra os malvados árabes, que querem tomar a terra que é de direito (será?) dos judeus. É, de novo, uma situação complexa: como comprar um dos lados?

Se Nattiv fosse um pouco mais sagaz, seria possível fazer um filme bem mais interessante (e complexo, claro) do que o que vemos na tela. Ao invés de comprar unilateralmente um dos lados na História, Golda poderia ser um filme provocativo, ousado, questionador. Quem estava certo na briga? Seria, sem dúvidas, um filme polêmico. Mas os grandes filmes são assim, não é mesmo?


Falta ousadia, coragem, questionamento ao filme. Ainda assim, porém, por baixo há coisas interessantes aqui. É bom o clima de urgência (e até de fim do mundo, dado que a visão acontece em um só micro-cosmos) que surge na trajetória de Golda. É algo que imprime rapidez ao longa-metragem e que deixa o espectador instigado com o que está acontecendo na tela.


Mas, acima de tudo, é Helen Mirren que rouba a cena: apesar da maquiagem pesada, estranha no primeiro momento, a atriz, que já interpretou Rainha Elizabeth, faz um retrato contido, mas elegante da primeira-ministra israelense. Ajuda também a caracterização, como as roupas e a maquiagem, que coloca até um amarelado nos dedos pela nicotina do cigarro onipresente.


Golda, assim, tem os seus méritos: a história é boa, o ritmo é interessante e Helen Mirren está ótima, como sempre. Só falou mais coragem em criar não apenas um filme aceitável, mas esquecível, mas algo ousado e provocativo. Nattiv podia ter deixado um pouco de seus pensamentos e interesses de lado para fazer um grande cinema. Uma pena, ficou pra próxima.

 

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