São vários os filmes que já falaram sobre separação de casais. Numa rápida puxada pela memória, é possível lembrar de dramas impactantes e emocionais (A Separação, Kramer vs Kramer, Custódia), comédias (Filhos do Divórcio, Simplesmente Complicado) e filmes despretensiosos (Relacionamento à Francesa, Celeste e Jesse). E História de um Casamento, do cineasta Noah Baumbach, chega para engrossar a lista.
Mais uma aposta da Netflix para a temporada de premiações, o longa-metragem conta a história do casal Charlie (Adam Driver) e Nicole (Scarlett Johansson). Pais de um menino, os dois vivem uma vida regular de um casal norte-americano de classe média e da área artística. Até que as coisas começam a desandar e os dois passam a não mais se ver como casal. Nisso, os dois decidem colocar um ponto final e formalizar o divórcio.
Cru e extremamente realista, História de um Casamento não busca subterfúgios ou histórias banais -- assim, acaba entrando na mesma lista de Kramer vs Kramer e Custódia. É um filme duro de ser assistido, principalmente por toda a verdade da situação. Não é à toa. Afinal, a história é baseada na própria separação do cineasta com a atriz Jennifer Jason Leigh, por mais que ele tenha começado a negar a teoria.
E grande parte do êxito do longa-metragem está na atuação de Scarlett Johansson (Vingadores: Ultimato) e Adam Driver (Star Wars: Os Últimos Jedi). Os dois, fugindo do que fizeram recentemente em blockbusters de sucesso, apostam numa atuação minimalista e focada em detalhes. A coisa só explode em momentos pontuais e acaba gerando uma catarse completa do espectador com o filme. A cena da briga é antológica.
No entanto, se for para destacar um só, os méritos ficam com Driver. Afinal, ainda que Scarlett mostre toda sua força interpretativa, o astro de Star Wars e da série Girls acaba assumindo o protagonismo no roteiro masculino de Baumbach -- não dá pra negar, novamente, que esta é a visão do cineasta sobre o casamento, não de um casal. Ele está forte, imperativo, atento aos detalhes. A cena final, em específico, é um tapa na cara.
Sem dúvidas, Driver assume a liderança na corrida pela estatueta de Melhor Ator. Joaquin Phoenix vai precisar correr, e muito, para alcançá-lo com o anárquico Coringa.
Muitos também ressaltam que Laura Dern (O Conto) e Alan Alda (O Aviador) merecem a estatueta por Atriz Coadjuvante e Ator Coadjuvante, respectivamente. Acho um exagero completo, ainda que Dern tenha um diálogo sensacional com a personagem de Scarlett Johansson. Mas num mundo em que Mahershala Ali (Moonlight), Regina King (Se a Rua Beale Falasse) e Judi Dench (Shakespeare Apaixonado) ganharam por papéis irrisórios...
Por fim, História de um Casamento é um filme poderoso. Verdadeiro, sem arriscar em clichês baratos, o filme consegue tecer uma narrativa natural, verdadeira e que fará sentido na vida pessoal de muita gente por aí. Prepare o lenço. Noah Baumbach, como não se via desde o delicioso Frances Ha. Sem dúvidas, vai fazer a limpa em muitos prêmios por aí. E será merecido, mesmo tendo Coringa e O Irlandês no páreo.
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