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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Histórias Assustadoras' é filme de terror vindo dos anos 1990


A sensação é de que Histórias Assustadoras para Contar no Escuro foi retirado de uma cápsula do tempo vinda diretamente da década de 1990. Afinal, o novo filme de André Øvredal (O Caçador de Trolls, A Autópsia) lembra o formato de A Convenção das Bruxas, por exemplo. Por mais que haja elementos assustadores em sua produção, como os incríveis monstros que povoam todo o longa-metragem, há algo de lúdico, de divertido. É aquele típico filme para assistir numa tarde de frio, com amigos, debaixo das cobertas.

A trama acompanha a jornada de um grupo de amigos da escola: Stella (Zoe Margaret Colletti), Auggie (Gabriel Rush) e Chuck (Austin Zajur). No dia de Halloween, eles saem de casa determinados a fazer da vida do valentão Tommy (Austin Abrams) um inferno. No entanto, algumas coisas saem do controle e, junto do forasteiro Ramón (Michael Garza), acabam entrando numa mansão mal-assombrada abandonada. É lá que o grupo irá libertar uma força maligna, junto de alguns monstros, que irá caçar criança por criança.

Produzido por Guillermo del Toro (A Forma da Água), Histórias Assustadoras -- que vamos chamar assim, de forma abreviada, por conta do título exageradamente longo -- não se propõe, em momento algum, a ser um grande filme de terror. Por mais que Øvredal produza algumas cenas com esse objetivo, o longa-metragem acaba por permear uma zona de fantasia que, por vezes, traz aspectos horripilantes. Parece uma boa mistura de It, a Coisa, Stranger Things e Conta Comigo. Uma boa Sessão da Tarde.

Os atores que formam esse grupo central de crianças exemplificam como a produção é uma transição entre filmes adolescentes e boas fantasias. Zoe Margaret Colletti (Vida Selvagem) não consegue entregar a emoção necessária em alguns momentos, ficando abaixo do que a cena se propõe. O mesmo vale para Michael Garza (Jogos Vorazes: A Esperança - Parte 1), que é o mais fraco de todos. Já Austin Zajur (Te Pego na Saída) e Gabriel Rush (Moonrise Kingdom) funcionam com um humor inocente e bem juvenil.

E essa instabilidade do elenco não é um problema propriamente dito. Dá veracidade pra história em alguns momentos e até cria um humor involuntário divertido -- ainda que Colletti diminua a força da trama aqui e acolá. Fora que não são eles os protagonistas.

Afinal, quem faz o filme brilhar são os monstros. São quatro os principais -- além da tal maldição que os controla, por meio de histórias escritas num caderno -- e todos eles causam inveja ao que o universo de Invocação do Mal está tentando criar nos últimos anos. Eles são visualmente impactantes, bem feitos, cada um com uma história e uma particularidade. O fato é que dá para criar, tranquilamente, um filme para cada um deles. Tem material o bastante e há chamariz para chamar o público aos cinemas.

É triste, porém, como os roteiristas Dan e Kevin Hageman (Uma Aventura Lego e Hotel Transilvânia) perdem uma excepcional oportunidade de encaixar uma reviravolta nos minutos finais com a personagem Stella. Seria interessantíssimo e elevaria o filme em vários níveis. Mas, infelizmente, preferiram jogar no seguro das produções juvenis.

De resto, o filme todo funciona bem. A trilha sonora é divertida, há boa fotografia -- principalmente no momento do tal "quarto vermelho". Øvredal sabe brincar com a câmera e em alguns momentos são particularmente assustadores. Os efeitos visuais também estão funcionais, fazendo com que alguns dos monstros sejam bem reais.

Histórias Assustadoras, no final das contas, se revela um filme simples que quer divertir as pessoas. E isso, sem dúvidas, funciona: é gostoso de assistir, traz um universo interessante, bons monstros, boas possibilidades. Há a sensação, aliás, de que este longa serve como preâmbulo para que outras produções -- sejam na TV ou cinema -- resolvem as pontas soltas deixadas no ar. Seria interessante. Afinal, não é sempre que um filme consegue resgatar a nostalgia, mesmo sem buscá-la desenfreadamente.

 

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