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  • Bárbara Zago

Crítica: 'O Homem das Cavernas' faz rir, mas é extremamente raso


Quando se fala em filmes de animação, de maneira quase automática nossa mente é conduzida a pensar em filmes clássicos da Disney ou, até mesmo, os mais modernos da Pixar, que possuem uma certa perfeição em sua forma. Mas dentro do universo das animações, quem possui nome, apesar de realizar uma proposta completamente diferente, é a Aardman Animations, criadora de filmes marcantes como A Fuga das Galinhas, Shaun: O Carneiro e, principalmente, Wallace e Gromit: A Batalha dos Vegetais.

O estúdio britânico sempre se destacou por um estilo de animação que se assemelha à uma massinha de modelar. A beleza desse tipo de trabalho está justamente em seu aspecto palpável; pode não ser tão realista como um personagem de Procurando Nemo, por exemplo, mas traz uma impressão de poder mexer naquilo -- bastante prazerosa, por sinal.

Quem assiste O Homem das Cavernas logo se depara com um sentimento nostálgico. Pude me imaginar há 17 anos, assistindo A Fuga das Galinhas no cinema. O grande problema disso se dá na hora de criar expectativas, pois espera-se algo superior, ou pelo mesmo do mesmo nível. E isso não acontece.

O longa se inicia quando uma tribo da Idade da Pedra é confrontada por um exército da Idade do Bronze, e eles então são expulsos de lá e forçados a viver nas terras baldias, ao redor dele. No entanto, Dug é o único que não consegue escapar e acaba preso lá. Enquanto foge das autoridades, é confundido com um jogador de futebol e acaba indo para campo. Quando descoberto, propõe ao líder, Lorde Nufi uma partida entre as duas Eras. Se a Idade da Pedra ganhar, eles recuperam o vale. Caso contrário, terão que trabalhar nas minas para o resto da vida.

Somente contando o enredo, já se pode imaginar um final completamente previsível. E, infelizmente, o filme não foge disso. A grande criatividade de Homem das Cavernas está nos detalhes, como o besouro sendo utilizado como máquina de barbear, ou a teia de aranha que serve como rede. Porém, a história é completamente rasa, aprofundando-se em pouquíssimos momentos. O próprio protagonista, dublado na versão brasileira pelo ex-CQC Marco Luque, chama pouca atenção. Quem se destaca é o Porcão, um javali amigo de Dug, que é responsável pela maior parte das risadas ao longo de seus 89 minutos de duração.

Ainda que a Idade da Pedra já tenha sido retratada no cinema antes, havia muito material para ser explorado. De fato, o filme tem boas sacadas, mas que parecem não ter continuidade. Exemplo disso é a personagem Goona: por ser mulher, nunca teve reconhecimento no esporte, e, portanto, praticava futebol escondida. É ela quem ajuda Dig e seu time para que eles tenham a chance de vencer o jogo. Tal mensagem de cunho feminista, no entanto, acaba aí, e não se toca mais nesse assunto. O próprio líder, Lorde Nufi, tem um caráter corrupto, mas isso não parece ser discutido de maneira abrangente. Ele apenas é descoberto no final, acentuando ainda mais o aspecto previsível do filme.

O filme também aposta numa espécie de portunhol, pois é o idioma falado pelas pessoas da Idade do Bronze. E isso acontece o tempo todo. O que começa como um recurso de humor, acaba não apenas perdendo a graça (e o sentido), como também torna o longa cansativo. Talvez funcione para as crianças -- afinal, O Homem das Cavernas parece ser um filme infantil, diferente de obras anteriores de Nick Park. Pouco se absorve da história, e toda a contextualização acaba sendo inútil. Seus 89 minutos não são perdidos, pois servem para render boas risadas, mas dificilmente será um filme marcante, muito menos a ponto de revê-lo.

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