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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'I Am Mother', da Netflix, é filme tenso e desesperador


Numa rápida recapitulação na memória, é possível lembrar de uma série de robôs da ficção que ficaram marcados na cultura pop. C-3PO, R2-D2, Rose, HAL 9000, Wall-E, Maria, Jarvis. E agora, a Netflix traz mais uma figura metálica com boas chances de ficar marcada na memória dos espectadores: é a Mãe, robô protagonista do suspense I Am Mother. Exibido inicialmente no tradicional festival de filmes independentes Sundance, o longa acerta em cheio no tom que usa pra abordar uma situação tensa e claustrofóbica.

A trama, escrita por Michael Lloyd Green e dirigida por Grant Sputore, acompanha a jornada de crescimento de uma jovem garota (Clara Rugaard), chamada apenas de Filha, enquanto é criada pela robô Mãe (dublada por Rose Byrne). O diferencial, aqui, é que as duas estão num bunker, aparentemente enterrado, enquanto o mundo entra em colapso por conta de um poderoso vírus. As coisas saem do controle na casa da Mãe e da Filha, porém, quando uma mulher ferida (Hilary Swank) consegue entrar e se esconder ali.

A partir daí, Sputore cria uma trama que parece uma mistura genuína de Alien e Rua Cloverfield, 10. Afinal, a jovem protagonista não sabe se acredita no que a mãe diz sobre o que há fora das paredes de aço do bunker. Mas, ao mesmo tempo, empreende uma tensa situação dentro do local quando a personagem de Swank começa a ameaçar Mãe e a colocar questionamentos na cabeça da adolescente. O que está acontecendo lá fora, de fato? Devemos confiar totalmente na Mãe? Dúvidas já usadas, mas que funcionam.

O cineasta, junto com o diretor de fotografia Steve Annis (Kissing Candice), cria uma ambientação fria, cinzenta, distante. O espectador, quando mergulha na trama, dificilmente sai ileso. A história tem um tom de suspense natural, que vai crescendo conforme a trama caminha. As dúvidas ao redor da robô vão aumentando, também. Muito por conta do excelente trabalho de voz de Rose Byrne (Juliet, Nua e Crua). Ela emprega uma modulação na voz, quase frígida, que traz contrastes marcantes.

A dupla Swank (Menina de Ouro) e Clara Rugaard (Teen Spirit) trazem para a tela a dualidade de sentimentos que o espectador sente. Uma tenta, desesperadamente, mostrar o que está acontecendo do lado de fora e como a Mãe pode ser uma ameaça real. A outra, enquanto isso, por mais que acredite em algumas coisas que a visitante diz, sente que possui deveres e obrigações com a máquina, que a abrigou e a ajudou na educação. As dúvidas saltam no roteiro a todo momento e tornam a trama mais rica.

No entanto, como é de praxe nas produções da Netflix, nem tudo reluz. Alguns momentos do filme são exageradamente arrastados. Ao invés de quase duas horas, a produção podia ter mirado nos 100 minutos. Teria reduzido um pouco do cansaço ao longo da narrativa. Além disso, o final deve ser extremamente controverso -- assim como foi no similar Rua Cloverfield, 10. Ainda que não sejam parecidos em questão da temática, lembram por decisões arriscadas e polêmicas de roteiro. Aqui no Esquina, particularmente, gostamos do encerramento. Mas é compreensível quem não gostar.

Assim, I Am Mother é um filme que traz tensão, suspense, drama, dúvidas. Tudo embalado numa charmosa fórmula de ficção científica. Tem problemas? Com certeza. Mas dá pra embarcar na história que Lloyd Green conta. Boa surpresa, boa adição ao catálogo de originais da Netflix -- que parece estar melhorando, finalmente. Bom filme para quem gosta de ficção científica com robôs, tensão e questionamentos certeiros.

 

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