Quando vi que a Netflix ia lançar um documentário sobre John McAfee, a figura mais estranha, bizarra e polêmica do mundo da tecnologia, meus olhos brilharam. Afinal, o material ao redor do empresário é riquíssimo, com uma história de fazer inveja aos roteiristas de Hollywood. Tinha tudo para ser um filmaço, certo? Errado: John McAfee: Gênio, Polêmico e Fugitivo, que chegou ao catálogo do serviço de streaming na última quarta-feira, 24, é uma bomba. Pior: é chatíssimo.
Dirigido por Charlie Russell, o longa-metragem se propõe a mergulhar na mente de McAfee, mostrando todas as estranhezas e contradições dessa figura. Só que, pra começar, o roteiro se escora em uma única coisa: a visão de terceiros sobre McAfee. Primeiramente, de dois jornalistas da Vice que acompanharam o empresário durante sua fuga na América Central. Depois, principalmente a partir da visão do operador de câmera da Vice e de um biógrafo.
Isso, por si só, já é bastante limitador. Ainda que tenha o testemunho da ex-namorada de John, Russell acaba ficando exageradamente restrito ao que pode ser contado e ao material disponível. John McAfee: Gênio, Polêmico e Fugitivo é um filme cheio de restrições, que não sabe sequer como escapar dos limites impostos por esse conteúdo. Em termos narrativos, fica restrito, andando em círculos, sem nunca encontrar a própria voz e dependendo de terceiros.
Além disso, sem mais entrevistados e com um material que parece estar em looping, John McAfee: Gênio, Polêmico e Fugitivo também se torna cansativo. Maçante. Apesar da história que deixa qualquer um de boca aberta, o documentário não decola. Não se torna nunca surpreendente, sequer impactante. É um mais do mesmo chato. Uma pena: tinha potencial de ser um Fyre Festival da vida. Mas, no resultado final, é só mais um filme no catálogo da Netflix.
Fica, enfim, a torcida para que a história de McAfee volte a aparecer algum dia por aí, como deve, e tenha, ao longo de todo o filme, o impacto que a última cena de John McAfee: Gênio, Polêmico e Fugitivo causa -- ainda que um tanto conspiratória, é chocante e parece algo que o empresário faria. Do jeito que chegou às telas, é o filme menos impressionante e impactante sobre uma das figuras que vai ficar, para sempre, no imaginário do mercado de tecnologia.
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