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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Jornada da Vida' é bom 'road movie' no coração do Senegal


Seydou Tall (Omar Sy) é um famoso ator francês que decide fazer uma viagem com o filho para Senegal, o país de seus ancestrais. No entanto, um problema no meio do caminho faz com que o astro viaje sozinho para o continente africano e, assim, encare o passeio como algo mais burocrático. As coisas mudam novamente, porém, quando ele encontra o garoto senegalês Yao (Lionel Louis Basse), um fã obcecado de seu trabalho e que viaja quase 400 quilômetros para encontrar o astro francês. A partir daí, inicia-se uma jornada para levar o menino de volta para casa e driblar os desafios do caminho.

Esta é a trama de Jornada da Vida, longa-metragem de Philippe Godeau (do fraco O Grande Assalto 11.6) que segue a estrutura padrão de um road movie com aspectos de uma Sessão da Tarde. É, afinal, um filme de autodescoberta do personagem de Omar Sy (Intocáveis), que precisa enfrentar uma adversidade inicial (a ausência do filho) para encontrar num garoto simples, de uma aldeia africana, a essência do que é viver -- sem se preocupar demais com os outros, com o tempo, com a pressa básica do cotidiano.

A trama, escrita por Godeau e por Agnès de Sacy (A Casa de Veraneio), é notadamente calma, reflexiva e com pausas para que o espectador vá digerindo, sem dificuldades, a mensagem óbvia que é passada. Não há desafios ou engenhosidade na maneira de fazer a história de Tall e Yao transitar. Mas também não é algo que cause sonolência ou coisa do tipo -- afinal, o foco aqui é atingir o grande público com essa mensagem de engrandecimento humano. Qualquer obstáculo narrativo é tirado rapidamente da frente.

O personagem de Omar Sy é a síntese disso. Observar a trajetória dele é observara os anseios e os desejos de Jornada da Vida. Não há, aqui, uma vitalidade interpretativa como em Intocáveis ou no emocional Uma Família de Dois. Ele transita entre momentos de drama familiar com uma comédia leve sem grandes problemas, inserindo seu personagem na dinâmica narrativa. Quem se sobressai, no final das contas, é o estreante Lionel Basse. O menino entende logo seu papel e sabe fazer as trocas cênicas com Sy. O resultado do filme acaba sendo mais positivo por conta da dinâmica dos dois.

No entanto, apesar da calma do filme e da leveza de sua história, ele acaba ficando cansativo a partir de determinado momento em que algumas atitudes se tornam um tanto quando estranhas. Ainda que haja um desenvolvimento de personagem por parte de Sacy e Godeau, há acontecimentos que não encaixam ou que não se mostram necessário. O longa-metragem, assim, decai consideravelmente após o fim da participação da apaixonante Fatoumata Diawara (Timbuktu). O filme fica desencaixado.

Mas, ainda assim, a mensagem se faz presente e, apesar do filme ficar cansativo, traz a essência esperada. É, em suma, uma Sessão da Tarde leve, repleta de mensagens sobre aproveitar a vida e coisas do tipo. Não espere um grande drama como é de costume encontrar nas produções francesas com Omar Sy. Está mais para uma comédia de aprendizado, com toques de drama, que mostra que a vida nem sempre precisa ser resumida em correria. Poder ser leve e tranquila, a ponto de poder apreciar esse filme.

 

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