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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Ligue Djá', da Netflix, faz justa homenagem ao lendário Walter Mercado


A televisão, nos anos 1980 e 1990, era uma maravilha. Único entretenimento de grande parte dos brasileiros, que em sua maioria não sabia ler naqueles idos, a TV reuniu figuras como Silvio Santos, Fofão, Chacrinha, Faustão (em seus tempos áureos), Fantasia, TV Colosso e outras diversões que se perderam nas memórias, mas continuaram vivas nos corações. É um fato.


E um dos nomes que ajudou nesse processo, e faz parte de um pedacinho dessa história, foi o astrólogo Walter Mercado. Porto-riquenho, ele ficou conhecido por seu visual exuberante, as roupas chamativas e o bordão que, aqui no Brasil, o definiu -- o famoso "ligue djá!", se referindo à uma central telefônica que prometia colocar o telespectador em contato com videntes.


Agora, o documentário Ligue Djá: O Lendário Walter Mercado faz uma justa homenagem ao astrólogo em um documentário enxuto e preciso, ainda que formulaico, que busca traçar um panorama geral sobre a vida de Mercado. Mostra sua infância, quando diz ter ressuscitado um passarinho, passando pelo estrelato em toda a América e até chegar na inevitável decadência.

Dirigido por Cristina Costantini e Kareem Tabsch, o filme surpreende e emociona ao trazer uma rara entrevista do astrólogo na velhice -- pouco antes de morrer, no final de 2019 -- relembrando a sua vida, comemorando a vaidade e contando segredos que ficaram marcados em sua carreira. Como, por exemplo, a sua sexualidade e o motivo do sumiço nos anos 1990.


Em tom de homenagem, o filme nunca questiona os atos de Mercado e o trata como uma santidade. Isso, ainda que afaste um pouco o espectador que não tem nós nostálgicos com a personalidade latina, não deve ser problema para a grande maioria do público, que sempre enxergou em Mercado uma figura boa, pura e sem más intenções. O filme só reforça isso.


Destacável, também, as tentativas dos diretores em escapar da fórmula de entrevista-arquivo-entrevista. Em momentos simpáticos e interessantes, coloca desenhos na tela, inspirados em artes de tarô, e também coloca Mercado em ambientes que fizeram parte da sua história -- isso, vale ressaltar, acaba sendo o verdadeiro coração do terceiro ato, o mais poderoso do filme.


Ligue Djá, assim, é uma ode à Walter Mercado. E mais do que merecida. Ele foi uma figura especial, que quebrou tabus, se expôs ao mundo e conquistou muita coisa, mesmo vindo de uma cidade do interior de Porto Rico. Uma pessoa, sem dúvidas, para aplaudir e ser lembrada. E, felizmente, é isso que este documentário faz. Viva Walter Mercado! Mucho mucho amor!

 
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