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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'M8: Quando a Morte Socorre a Vida' é bom drama sobre injustiça social


Arrisco dizer que, depois de Casa de Antiguidades, o drama M8: Quando a Morte Socorre a Vida era um dos filmes mais aguardados do ano no Brasil. E não é pra menos. Sob a batuta do excelente cineasta Jeferson De (Bróder), o longa-metragem fala sobre um dos assuntos mais urgentes e necessários dos últimos tempos: o segregacionismo que negros sofrem no Brasil.


Aqui, no caso específico de M8: Quando a Morte Socorre a Vida, é a história de Maurício (Juan Paiva). Rapaz batalhador, ele estudou muito para conseguir chegar onde queria: uma faculdade de medicina. Dominado por jovens brancos, o local acaba sendo mais um ponto de opressão do que de libertação. Ainda mais quando começam as aguardas e necessárias aulas de anatomia.


Maurício encontra apenas corpos negros disponíveis para uso em sala. É aí que começa a grande sacada do filme, com um desses corpos (Raphael Logam) se tornando ponto focal de atenção do protagonista. Qual a história por trás desse corpo, identificado apenas como M8? O que houve com ele para parar ali? Quem é sua mãe? Tem esposa, filhos? Do que ele morreu?

São essas perguntas, e o senso de exploração de corpos negros, que norteiam a jornada de Maurício. É uma história poderosa, ainda que um pouco saturada de tantas discussões colocadas em pauta, mas que fala sobre esse impulso social de colocar os negros em um papel desigual. É forte, é impactante. Algumas cenas realmente mexem com o espectador.


Além disso, Jeferson De entende perfeitamente como posicionar a presença de outros negros nessa faculdade tão desigual. Além do próprio Maurício, há apenas funcionários negros. E, é claro, os corpos. Isso dá um senso poderoso da injustiça e da falta de parâmetros da sociedade que vivemos. A atuação potente de Juan Paiva (Malhação: Viva a Diferença) também impacta.


Uma pena, porém, que a dinâmica com o corpo de M8 seja um pouco prejudicada. Alguns efeitos especiais são realmente ruins, enquanto algumas cenas saiam prejudicadas pela falta de dinamicidade da relação entre o protagonista e o homem morto. Por fim, como dito, Jeferson De exagera ao trazer pautas demais ao filme. Todas necessárias, claro. Mas o foco acaba sumindo.


M8: Quando a Morte Socorre a Vida seria muito mais interessante se houvesse uma coerência e uma coesão maior nos temas propostas e discutidos. Da forma que ficou, o longa-metragem ainda é necessário, ainda é urgente e ainda é altamente recomendável para ser assistido. Mas, é uma pena, havia mais potencial. Fiquemos de olho nos próximos trabalhos de Jeferson De.

 
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