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  • Foto do escritorBárbara Zago

Crítica: 'Marighella' é filme forte, mas que poderia ter ousado mais


Em meio a registros assombrosos da Ditadura Militar, somos apresentados a um dos grandes líderes da oposição e o "inimigo número um do Brasil". É assim que se inicia Marighella, estreia na direção de Wagner Moura, o longa ficcional registra a história de uma figura importantíssima de resistência ao governo nos anos 1960: Carlos Marighella.


O filme, que tinha previsão de lançamento em 2019, fez sua estreia somente dois anos depois, na primeira semana de novembro deste ano. Atacado do início ao fim, enfrentando desde dificuldades de financiamento até notas baixas no IMDb pela extrema direita, Marighella chega em um momento necessário da história do Brasil.


Interpretado por Seu Jorge (Soundtrack), o personagem lidera um grupo de jovens que acredita que uma das únicas formas de combater a ditadura militar é com a luta armada.


Com boas cenas de tensão, em especial o assalto ao trem que conta com um belo plano sequência logo nos minutos iniciais, Marighella é capaz de prender a atenção do espectador por tempo considerável.

Ainda que explore somente os cinco anos finais de Carlos Marighella, o filme acaba tendo narrativas demais e, por vezes, perde seu foco. Em suas quase 2h40, o roteiro tenta explorar a relação familiar do personagem, a história do grupo guerrilheiro, a Ditadura Militar e, por conta de tantas frentes, seu discurso político não é tão forte como tinha potencial para ser.


Na tentativa de explorar os personagens, quando superficialmente, é fácil acabar caindo em estereótipos -- seja o caso de Lúcio, um policial interpretado por Bruno Gagliasso, ou do comunista Humberto, vivido por Humberto Carrão. Mesmo assim, aqui deve se dar os parabéns para todo o elenco. Ainda que Seu Jorge tenha uma excelente atuação ao longo do filme, fica a sensação de que ele poderia ter mais espaço para explorar o lado revolucionário, contraditório, político e radical do ativista.


No final das contas, Marighella é um filme forte e que chega em um momento mais do que necessário — não são à toa, afinal, os ataques contrários ao longa-metragem. No entanto, ainda assim, fica aquela sensação de que a produção poderia ter ousado mais, principalmente por ter um elenco tão bom em mãos.

 

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