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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: Mesmo genérico, ‘De Encontro com a Vida’ emociona e faz rir


A Alemanha não é conhecida por seu cinema romântico e engraçado. Pelo contrário: o país europeu sempre aposta em dramas de grande força emocional como A Onda, A Vida dos Outros e A Queda. Mas sempre surge algum cineasta pronto pra reverter paradigmas culturais e ir contra a corrente. É o caso do diretor e produtor Marc Rothemund, que chegou ao Oscar com o drama Uma Mulher Contra Hitler e que agora surpreende com a comédia romântica De Encontro com a Vida, que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, 19.

No centro da história, Saliya (Kostja Ullmann). Ambicioso e com o desejo de trabalhar em hotéis desde pequeno, o jovem alemão vê obstáculos surgindo na vida quando sua retina se descola e ele perde 95% da capacidade de enxergar. O preconceito, a partir daí, reina. Por isso, ele resolve se arriscar: num competitivo treinamento para trabalhar num hotel de luxo na Alemanha, Saliya oculta os problemas em sua visão. Até sua pretendente amorosa, a simpática Laura (Anna Maria Mühe), não sabe da tal limitação visual e enxerga Saliya sem preconceitos.

É, teoricamente, uma premissa muito original, mas que, quando olhada mais de perto, bate de frente de outras fórmulas já vistas por aí. Há resquícios de Coração de Leão : O Amor Não Tem Tamanho, num paralelo entre encontros amorosos surpreendentes; de O Amor é Cego, sobre a descoberta do próximo; e Dirigindo no Escuro, de Woody Allen, sobre a difícil tarefa de viver sua vida sem enxergar e omitindo isso das pessoas -- ainda que sem toda a crítica embutida nisso. É, então, uma forma genérica, apesar da camada original, mas que tem seus atributos.

Ainda que os roteirista Oliver Ziegenbalg e Ruth Toma exagerem demais na duração do longa, De Encontro com a Vida é bem cadenciado. Sua história é praticamente movida de acordo com os desafios propostos no treinamento do hotel e, a cada fase, novas coisas vão surgindo na trama -- no primeiro, é estabelecida a amizade com Max (Jacob Matschenz); no segundo, o segredo da cegueira começa a ficar mais frágil e Saliya conhece Laura; e no terceiro, como é esperado, as coisas saem do lugar e o protagonista precisa dar algum jeito pra arrumar tudo.

Isso dá ritmo e dinamicidade à narrativa, que consegue encontrar alguns momentos para encaixar o drama, o riso e o romance. Nada, além da duração, é exagerado. Os atores do filme também se saem bem. Kostja Ullmann (O Homem Mais Procurado) é apático, mas vai se sobressaindo -- ainda que sem nenhum grande momento. Jacob Matschenz (A Onda) é um bom alívio cômico e tem uma boa função dentro do roteiro. Anna Maria Mühe não tem grandes momentos, assim como Ullmann, mas consegue dar leveza à trama. O resto do elenco é operante.

No final, o resultado é positivo. A trama, apesar de muito genérica e excessivamente longa, tem seus pontos positivos e acaba ficando na mente do espectador. Além disso, vale pela boa mensagem e pela história real que é passada ao redor do mundo de superação e fuga de preconceitos. Também serve para dar alguns risos, segurar um punhado de lágrimas e suspirar com um romance que não é o foco da trama, mas que ganha contornos ousados e interessantes. De Encontro com a Vida não vai mudar sua vida, mas vai deixá-la mais doce e leve. Vale o ingresso.

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