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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Meu Amigo Enzo' é bom drama emocional sobre família


O título brasileiro e algumas sinopses divulgadas por aí dão a entender que Meu Amigo Enzo é mais um daqueles filmes lacrimosos sobre cachorros -- tal qual Marley & Eu, Quatro Vidas de Um Cachorro e afins. E, de fato, esta nova produção do diretor inglês Simon Curtis (A Dama Dourada) segue um pouco por esse caminho. No entanto, mais do que mostrar unicamente a vida do cachorro Enzo (dublado por Kevin Costner), o longa se propõe a mostrar o mundo -- e, mais especificamente, a família -- sob sua interpretação.

Assim, Meu Amigo Enzo é um emocional drama familiar, sob a ótica de um simpático golden retriever, que se aprofunda na vida dos Swift. Responsável por adotar Enzo, Denny (Milo Ventimiglia) é o pai da família e persegue constantemente o sonho de ser um piloto de corrida profissional. A simpática Eve (Amanda Seyfried) entra tempos depois na rotina da casa, quando ela e o protagonista se apaixonam. Tempos depois, é a vez da pequena Zoe chegar na família para animar ainda mais os ânimos gerais.

A partir disso, o roteirista Mark Bomback (Planeta dos Macacos: A Guerra) traça um drama ao melhor estilo de This is Us intrincado à narrativa do cachorro que tudo observa e tudo tenta interpretar. Ao longo dos anos, a família encara uma série de contratempos duros e que exige o apoio dos seus quatro integrantes -- incluindo, claro, o cachorro Enzo. É um drama feito para chorar, ainda que aposte na leveza das situações e na naturalidade de como esses percalços são encarados pelos personagens.

É evidente, claro, que há um excesso de dramas na trama -- tem câncer, tem a jornada do cachorro, tem crianças sofrendo, tem desilusão, guerra contra familiares. É uma tragédia atrás da outra, o que torna a história cansativa a partir de certo ponto. O lado bom disso é que são exploradas nuances da personalidade de um cachorro de maneira bem original. Por mais alguns aspectos lembrem Quatro Vidas de Um Cachorro, há um salto a mais aqui. Simon Curtis, sem dúvidas, soube lidar melhor com o material.

Costner (O Guarda-Costas) é grande surpresa do filme. Difícil imaginar que um ator consagrado como ele fosse encaixar tão bem na voz de um golden retriever. Ele sabe modular as emoções, trazer a entonação correta e emocionar nos momentos certos -- quando ele diz "mais rápido, Denny, mais rápido!" é sensacional. Ventimiglia (This is Us) é um ator com fortes limitações e isso transparece aqui. Falto algo nas cenas mais intensas. Seyfried (Mamma Mia!), enquanto isso, vai bem, mas poderia ir muito além.

No final das contas, o saldo é positivo. Há um exagero de dramas, o protagonista não funciona tão bem e algumas cenas são deveras bregas -- e não podemos falar tanto aqui pra não dar spoiler. No entanto, a originalidade ao tratar o tema de dramas lacrimosos de cachorros vai muito além do banal por aí, se tornando uma mistura coesa de Marley & Eu, Quatro Vidas de um Cachorro e Sempre ao Seu Lado. Dá pra emocionar.

Obs.: Só uma coisa antes da nota. Quem teve a ideia de transformar o lindíssimo título original The Art of Racing in the Rain (A Arte de Correr na Chuva, em tradução literal) para Meu Amigo Enzo? Os dois títulos não são comparáveis. Um atentado de tradução.

 

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