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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: ‘Meu Querido Supermercado’ acerta ao mostrar vida que não enxergamos


Quais as histórias que existem dentro de um supermercado? Quantas vidas vividas, sonhos realizados? O que sentem e pensam aquelas pessoas que trabalham, quase num estado de invisibilidade? É sobre isso que se debruça o documentário Meu Querido Documentário, bom filme nacional selecionado para a competição oficial do festival É Tudo Verdade 2020.


Dirigido pela estreante Tali Yankelevich, o longa-metragem conta com uma estética lenta, quase poética, para falar sobre essas vidas e pessoas que coexistem num ambiente tão necessário, mas de passagem. O que pensa o rapaz que serve os pães? Como vive a mulher que fica controlando o mercado pelas câmeras? E o garoto que faz pães e bolos?


A partir de tantas perspectivas e diversidades, Meu Querido Supermercado se revela como um mosaico precioso sobre o que é o Brasil. Com personagens tão reais e distintos, mostra em microcosmos o que somos no macro. É observação sutil e delicada que ajuda o longa-metragem a ganhar esse status mais global e universal em torno do ser humano.


Difícil não se encantar com os personagens ali retratado. Afinal, mais do que buscar falar de suas condições, o filme entende quem eles são. É um mergulho mais profundo do que apenas mostrar a rotina de um mercado ou como participam na roda da economia. Vai além e faz seu papel ao trazer reflexões importantes sobre a presença de cada um deles ali.


A única reclamação é do ritmo do filme. Apesar de ser dinâmico em termos de mostrar tantos personagens, acaba caindo numa mesmice, numa previsibilidade um pouco cansativa. Yankelevich, com algumas rápidas sacadas, poderia ter dado mais celeridade à narrativa. Do jeito que ficou, acaba cansando um pouco. Mas, no final, tudo bem.


Pois Meu Querido Supermercado, ainda assim, é uma peça brilhante sobre humanidade, comportamento, sonhos, medos e realizações. Mostra como somos e da forma que somos. Sem filtros, sem exageros. Você pode até não trabalhar em um supermercado, mas sem dúvidas vai se ver ali, refletido. Afinal, mais do que um mercado, vemos ali nossa verdade.

 

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