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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Miss França' acerta com história LGBTQIA+ que deixa a tragédia de lado


Já falamos outras vezes aqui no Esquina que já excedeu a quantidade de filmes com temática LGBTQIA+ que tratam pessoas da comunidade apenas pelo viés da tragédia. Parece que não há espaço para a felicidade. Por isso, é tão bom ver um sopro de alegria e leveza, mas com muita responsabilidade, como em Miss França, estreia dos cinemas brasileiros desta quinta-feira, 19.


Dirigido por Ruben Alves (A Gaiola Dourada), o longa-metragem conta a história de Alex (Alexandre Wetter), pessoa de gênero fluído, que é ou se entende como mulher em algum momento da vida, homem em outro, e que está cansada da monotonia da vida na França. Está tudo sem emoção. Para quebrar com essa mesmice e perseguir um sonho de criança, decide fazer o impensável: se candidatar no concurso de miss do país escondendo sua real identidade.


A história de pessoas que fingem outra identidade ou gênero não é novidade. A lenda de Mulan, que ganhou adaptações pelas mãos da Disney, já trazia a história da guerreira que se passava por homem para ser aceita no exército chinês. No entanto, uma série de concessões enfraquece a discussão sobre a identidade, mergulhada em uma trama de fantasia e interesses amorosos.

Miss França não foge das discussões. Pelo contrário: Ruben abraça polêmicas (que não deveriam ser polêmicas em lugar nenhum do mundo) e fala sobre identidade de gênero com cuidado, trazendo essa personagem de gênero fluído e apresentando outras letras do LGBTQIA+. É um trabalho cuidadoso de Ruben Alves, que parece colocar Alexandre Wetter ao seu lado.


Além disso, o longa-metragem acerta ao trazer emoção de diferentes maneiras. Há o drama natural de um filme de competição, além de algum sofrimento da personagem tentando se encontrar em um mundo de opressão. Natural que isso surja na narrativa. No entanto, também há comédia com responsabilidade. Há momentos em que choramos e rimos ao mesmo tempo.


O calcanhar de Aquiles de Miss França são chavões abraçados por Ruben na hora de contar a história, como o clima de competição no final -- qualquer filme de dança, por exemplo, conta com a mesma estrutura, de personagens competindo e família e amigas torcendo, tentando passar a emoção pela tela. É banal e Ruben, com tanta qualidade, poderia ter ousado mais.


Mas tudo bem: Miss França é um filme que chama a atenção por saber misturar bem comédia e drama, trazendo aquele choro com riso inusitado, e com bons personagens e atuações -- Alexandre Wetter, pessoa de gênero fluído descoberta por Ruben nas redes sociais, é um acontecimento. Enfim: um filme para ser celebrado e assistido com toda sua importância.

 

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