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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'MLK/FBI' é documentário que beira o insuportável


Não adianta: alguns filmes foram feitos para públicos específicos apreciarem suas histórias, seus formatos, suas ideias. E um bom exemplo disso é MLK/FBI, documentário que faz parte da programação oficial do É Tudo Verdade 2021 e que parece ser feito única e exclusivamente para o público americano. Afinal, a narrativa não poderia ser mais insossa e desinteressante.


Dirigido por Sam Pollard, o longa-metragem tem o mesmo problema de Sammy Davis, Jr.: I've Gotta Be Me, uma outra produção do cineasta: o tom quase bobo, cansativo e didático, sobre um fato histórico que poderia ser tratado de maneira muito mais interessante. Aqui, mais especificamente, a investigação do FBI sobre os possíveis riscos da força de Martin Luther King.


Ao longo de mais de 100 minutos, conhecemos melhor o embate silencioso, e nos bastidores, entre Luther King Jr. e o então diretor do FBI, J. Edgar Hoover. É uma briga de cachorro grande. De um lado, um dos maiores nomes do movimento negro dos Estados Unidos. Do outro, um homem implacável que ficou à frente do FBI por décadas, movimentando as "peças de xadrez".

Com fortes referências cinematográficas, como o toque de James Bond na abertura do filme e as inserções de cenas clássicas de filmes de investigação ao longo do filme, Pollard tenta facilitar o máximo a narrativa, torná-la palatável. Ao mesmo tempo, dá um tom quase que experimental ao filme ao "esconder" os entrevistados, que ficam apenas com vozes ao fundo.


No entanto, a união dessas duas coisas não funciona na tela. Afinal, de um lado, as cenas de filmes deixam o filme didático demais. Por vezes, bobo. Pollard quase força o potencial cinematográfico na história. Por outro, as entrevistas "invisíveis", por mais que tentem tirar a mesmice das talking heads, deixa tudo maçante. É como se fosse uma imensa narração.


Além disso, fica claro que este é um filme mais trabalhado para o público estadunidense -- as referências, os fatos históricos e a empolgação natural que deve surgir com essas duas figuras já citadas se "enfrentando". Para nós, de fora das fronteiras dos EUA, há importância nessa história e nos embates, mas nada que realmente prenda nossa atenção para a tela sempre.


MLK/FBI é um filme que parece não se encontrar em seu tom, em suas ideias, em seu potencial. Há boas histórias aqui, mas tudo é tão processado e transformado em material didático que fica a impressão de que não há nada de novo -- apenas a reafirmação do poder de Luther King e como Hoover não era um cara legal. Pena. Sem dúvidas, poderia ser um filme mais intrigante.

 
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