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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Morte no Nilo' repete experiência de 'Expresso do Oriente' com filme elegante


Geralmente, as críticas servem como um norte para o leitor. É preciso encontrar referências e explicar detalhes técnicos de um filme para que o leitor entenda o que vai (ou não) assistir. E não poderia ser mais simples de cumprir essa tarefa com Morte no Nilo. Adaptação do livro de Agatha Christie, o suspense parece uma reprise do bom Assassinato no Expresso do Oriente.


Ou seja: não tem muito segredo. Se você gostou do outro filme comandado por Kenneth Branagh, que também encarna o papel do detetive Hercule Poirot, também vai se divertir com o mistério em Morte no Nilo. É um filme sem grandes sobressaltos ou surpresas, sendo principalmente um suspense calcado nas tradições do gênero e focado apenas em divertir.


E isso funciona. Afinal, Christie sabia como contar boas histórias de mistério e Branagh, um realizador clássico, passa todo o charme, elegância e tons clássicos do livro para a tela do cinema. Difícil não prestar atenção nos detalhes suntuosos nas paisagens no Nilo e do Egito, onde um casamento termina mal -- com familiares, amigos e uma ex como suspeitos.

O calcanhar de Aquiles de Morte no Nilo se concentra majoritariamente em seu elenco. Não, eles não estão mal em cena. Pelo contrário. O problema é que é um elenco cancelado, repleto de problemas. Letitia Wright (Pantera Negra) é uma pessoa de mente pequena que não acredita nas vacinas. Armie Hammer (Me Chame Pelo Seu Nome) é acusado de abuso sexual e moral.


Como lidar com um filme que envelheceu mal e, até o momento, sequer foi lançado? É complicado. É visível que Hammer foi limado em alguns momentos na sala de edição -- em certa altura do filme, fica mais de 20 minutos sem dar as caras. Wright também. Só que é desconfortável ver Hammer se enlaçando sexualmente com alguém ali, bem na telona.


Além disso, fica a dúvida se Morte no Nilo era realmente a história certa a ser adaptada logo após Assassinato no Expresso do Oriente. É uma trama que repete muitos cacoetes de Agatha Christie e que se assemelha demais com os crimes no trem. Há histórias mais interessantes de Poirot, como o interessante O Misterioso Caso de Styles, romance de estreia do detetive belga.


Fica a torcida, enfim, para que a Disney dê sinal verde e Branagh possa adaptar Cai o Pano para encerrar uma trilogia. De resto, é isso: Morte no Nilo é um filme elegante, bem feito, com boa direção e atuações. Não vai mudar sua vida, tampouco se tornar seu favorito. Mas, em tempos em que precisamos esquecer do que acontece lá fora, talvez seja uma boa pedida nos cinemas.

 

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