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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Mundo em Caos' é filme que não escapa da "maldição" de distopias juvenis


Assim como Harry Potter criou um filão de produções sobre jovens em escolas e com poderes, a saga Jogos Vorazes fez o mesmo com as chamadas distopias. Produções como Divergente, O Doador de Memórias e afins seguiram o caminho da trama de Katniss Everdeen e tentaram fazer o mesmo sucesso. Todos fracassaram, geralmente por produções fracas e sem potência.


Mundo em Caos, longa-metragem dirigido pelo instável Doug Liman (de No Limite do Amanhã), segue esse mesmo caminho de tentar reproduzir o sucesso de Jogos Vorazes nas telonas -- contando ainda com o agravante de ser do mesmo estúdio. Aqui, acompanhamos a história de Todd (Tom Holland), um rapaz que vive em um planeta após o colapso total e completo da Terra.


Nesse novo lugar, a vida toma um rumo bem diferente. Os pensamentos dos homens são sonorizados, tornando impossível a tarefa de esconder qualquer coisa. Além disso, na aldeia em que Todd mora, não há mulheres. Elas foram mortas pelas criaturas nativas do planeta. Por isso é chocante quando Viola (Daisy Ridley) chega a bordo de uma nave, vinda da Terra, nesse lugar.


A partir daí, Mundo em Caos faz jus ao nome ao mostrar essa jovem tentando sobreviver em um ambiente inóspito, em que nada entende, e tendo que lidar com esses homens que verbalizam seus pensamentos o tempo todo. Liman, como sabe bem, logo transforma esse caldeirão repleto de conflitos em ação, com a dupla fugindo do Prefeito (Mads Mikkelsen, canastrão como nunca).

Apesar de alguns elementos originais, como os pensamentos verbalizados, a ausência de mulheres e até mesmo as criaturas nativas que rapidamente aparecem na produção, quase tudo é transformando em puro caldo genérico de distopias juvenis. A sensação que fica é que Liman seguiu o bê-á-bá de produtores, colocando a história original de Patrick Nesse numa caixinha.


Holland (Homem Aranha: Longe de Casa) e Ridley (Star Wars: O Despertar da Força) são dois nomes absolutamente fortes entre o público jovem-adulto e, vindo de onde vieram, mostram que a Lionsgate fez um investimento pesado em Mundo em Caos -- talvez comprovando a tese de que havia produtores fungando na nuca de Liman. Faltou despojamento na história. Mais força.


Mas o mais triste, porém, é que havia espaço para isso. Afinal, ainda que comparações assim nunca façam sentido, a trilogia de livros Mundo em Caos é realmente muito boa. Ainda que juvenil, tem um ar interessante de Caixa de Pássaros e se arrisca. Faltou isso no longa-metragem, que tem um ritmo pouco memorável e um encerramento totalmente despropositado.


Não é uma bomba, como muitos disseram por aí, abrindo espaço para diversão sem compromisso. Em tempos normais, seria um daqueles filmes que faria bonito nas bilheterias brasileiras, principalmente por conta do bom elenco. Mas, em ano de pandemia, infelizmente, é apenas mais uma produção no horizonte, sem conseguir se destacar em quase nada.

 
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