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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Música para Morrer de Amor' erra ao criar ambiente clichê e artificial


Confesso que fui com muita sede ao pote. Apesar de não ter gostado de 45 Dias Sem Você, o trailer e o material de divulgação de Música para Morrer de Amor, novo filme de Rafael Gomes, me animaram. A trilha, a intensidade dos personagens e até mesmo os elogios desenfreados para a peça de teatro Música para Cortar os Pulsos, o material original desse novo filme.


No entanto, que pena, Música para Morrer de Amor não passa de um amontoado de clichês, frases prontas e situações óbvias. Tudo isso a partir da premissa de três histórias interconectadas. Felipe (Caio Horowicz) quer se apaixonar, sem saber por quem. Ricardo (Victor Mendes) está apaixonado por ele. E Isabela (Mayara Constantino) sofre de coração partido.


A partir disso, Gomes cria um triângulo (ou seria quadrado? Ou pentágono?) amoroso cheio de idas e vindas, conversas e silêncios, amores e desamores. Assim, na superfície, não dá pra dizer que Música para Morrer de Amor é um filme fiel à realidade e que, de alguma forma, fala sobre a vida do pós-adolescente. A falta de rumo, a complicação nas paixões, o medo de se perder...

Isso tudo é genuíno. A excelente trilha sonora também ajuda a embalar a narrativa. Milton Nascimento, Fafá de Belém, Cazuza, Orlando Silva. É eclética, poderosa e conversa com a trama.


Mas, infelizmente, o roteiro não consegue se desenvolver à altura. Primeiramente: dois dos três personagens principais (no caso, Felipe e Ricardo) são absolutamente insuportáveis. Daqueles que não dá para simpatizar, sentir, se emocionar. Me peguei com raiva, principalmente do Ricardo, em mais de um momento. Só Isabela, de alguma maneira, acaba se saindo bem.


Além disso, que chuva de frases prontas! Não tenho problema algum com filmes clichês -- ora, se é clichê, caiu bem no gosto popular. No entanto, não dá pra aguentar 100 minutos de frases bobas, tiradas de livros de autoajuda, que deixam a história com um artificial estranho. Não dá vontade de continuar e tampouco de sentir algo pelo que está rolando ali. Chega a dar vergonha.


Dos atores, apenas quatro se destacam: Mayara Constantino, Denise Fraga (mãe do Felipe), Suely Franco e Ícaro Silva. Caio Horowicz tem uma atuação apática, meio qualquer coisa. Victor Mendes, enquanto isso, tem um caminho longo a trilhar. A maioria dos seus momentos acaba apenas por enfatizar a artificialidade de todo o texto. Não consegue trazer naturalidade.


Enfim. Música para Morrer de Amor é decepcionante. Ainda que a trilha seja excelente e a ideia muito boa, não vai pra frente. Recai em chavões, em bobagens. Uma pena. Poderia ser bom.

 
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