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Bárbara Zago

Crítica: 'Nasce uma Estrela' é incrível como música e como filme


Ainda que seja confortável para nós separar as coisas em caixinhas, com seus devidos rótulos, o mundo artístico não funciona exatamente desta maneira. Dividir música, cinema, literatura, televisão e outras inúmeras expressões de arte nem sempre é uma tarefa simples. Afinal, por serem artistas, têm todo o direito de transitar entre os diferentes cenários.

Lady Gaga viu sua fama deslanchar em 2009 com o lançamento do single Just Dance. Sua aparição em importantes eventos com figurinos, no mínimo, exóticos chamaram a atenção da mídia. Alguns anos mais tarde, com a carreira já consolidada, foi a estrela da quinta temporada de American Horror Story, série de Ryan Murphy. No entanto, sua grande estreia no cinema como protagonista chega agora, com o pé direito, ao interpretar Ally no drama Nasce Uma Estrela.

O novo filme da Warner Bros é, na verdade, a quarta versão de A Star is Born, sendo a original lançada em 1937. Com a direção de Bradley Cooper, que estreou em filmes como Se Beber, Não Case e O Lado Bom da Vida, a mais recente delas conta a história de Jackson Maine, um famoso cantor de country que se encontra e acaba se apaixonando por Ally, aspirante à cantora. Ao longo do relacionamento, o casal se vê obrigado a lidar com diferentes questões, entre elas, a fama e o alcoolismo.

A química entre Gaga e Cooper é bonita de se ver, principalmente pelo fato de ambos deixarem totalmente de lado suas personas; ao assistir ao filme, Bradley Cooper convence perfeitamente como cantor e Lady Gaga como atriz, ainda mais por estar com pouca maquiagem e sem adereços espalhafatosos.

O relacionamento, que começa bonito e até um pouco fora da realidade, transforma-se em algo abusivo à medida em que Jackson passa a sentir inveja da fama da namorada, além de constantemente tentar controlá-la. Seu problema com bebidas muitas vezes afeta a carreira de Ally, e isso é tratado de forma muito delicada, caracterizando o alcoolismo como uma doença, e não uma mera escolha individual.

Com duração de 2 horas e 16 minutos, o filme é tão bem estruturado que passa a impressão de ser mais curto. A história flui muito bem e não se torna monótona em nenhum momento. Parte disso se deve à direção de Bradley Cooper que, apesar de iniciante, não deixa a desejar. A forma como ele conduz as cenas de shows é bastante imersiva, fazendo o espectador aproveitar como se estivesse ali presente.

Mesmo que pareça óbvio, faz-se necessário registrar a poderosíssima voz de Gaga. A forma como ela transmite todo seu talento é única e é um ponto essencial para dar ao filme a força que tem. Com uma trilha sonora original, que provavelmente terá uma das canções indicadas ao Oscar, Nasce Uma Estrela é um filme excepcional. Junto isso à uma história emocionante, a melhor atuação de Bradley Cooper desde 2012 em O Lado Bom da Vida e o resultado é deslumbrante.

 

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