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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: ‘Ninguém Está Olhando’ faz retrato da América Latina nos EUA

Atualizado: 12 de jan. de 2022


O título deste longa-metragem pode significar muitas coisas dentro de sua narrativa. Em um primeiro momento, pode ser a ausência de vigilância enquanto Nico (Guillermo Pfening) está praticando pequenos furtos e golpes em lojas. Ou ainda pode ser sua completa invisibilidade em uma Nova York que "engole" as pessoas de fora que buscam alguma oportunidade neste País.

Entretanto, com o passar do filme, fica claro que Ninguém Está Olhando tem ainda mais um punhado de significados delicados e entranhados em sua história. Afinal, Nico é mais do que um ator em busca de oportunidades. Ele é o retrato da América Latina em busca de novos e certeiros caminhos no País. E que belíssimo retrato é este feito pela cineasta argentina Julia Solomonoff.

No centro da história, como já citado acima, está Nico. Ele é um ator conhecido na Argentina, seu país natal, por conta de uma novela. Por isso, vislumbrado por possibilidades de atuar e ficar famoso em outros mercados, decide arrumar as suas coisas e enfrentar o mercado de atuação nos EUA. As coisas, porém, não saem como planejado e ele passa a trabalhar como babá.

A direção de Solomonoff, que já tinha apresentado potencial em O Último Verão de La Boyita de 2009, está mais madura e com mais ousadia -- há planos de câmera interessantes e que dão sentido à narrativa. Além disso, sua condução é crua e real, dando um sentido um tanto quanto cruel à história de Nico. É triste e inventivo, por exemplo, ver o mundo artificial que o rapaz cria.

Além disso, há uma direção de atores excepcional. Ainda que não tenha ator coadjuvante na produção com destaque, todos estão bem na tela. Mas é Guillermo Pfening que dá um show de interpretação. O ator argentino consegue acompanhar todas nuances do roteiro e de sua personagem, entregando uma atuação contida, mas que conversa por meio de seus olhares. Está incrível.

E também vale ressaltar o recorte dado por Solomonoff à história, que foge da Nova York de cartões-postais e, principalmente, dos outros longas genéricos de imigrantes que temos por aí. Aqui, a cineasta argentina consegue imprimir seu olhar sobre essa situação, ressaltando não apenas o fracasso, mas a tentativa de impressionar. É original, é bem-retratado e faz o filme ganhar novos sentidos.

No final, Ninguém Está Olhando é um filme essencial para entender não apenas a imigração de latino-americanos para os Estados Unidos, mas também para compreender o retrato de latinos nas artes. E quem disse que o filme é novelesco demais, não entendeu a proposta de Solomonoff. Afinal, como disse, Ninguém Está Olhando não é o retrato de um homem. É um retrato de um povo.

EXCELENTE

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