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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'O Abismo', da Netflix, foge da complexidade em trama sem rumo



É impossível assistir a O Abismo, novidade da Netflix nesta sexta-feira, 16 de fevereiro, e não pensar no filme dinamarquês Terremoto. Afinal, além de serem duas produções nórdicas, os filmes contam basicamente a mesma história: um abalo sísmico abala pequenas cidades e os protagonistas, especialistas nesses assuntos, precisam dar um jeito de salvar família e cidade.


A diferença básica aqui está na origem desses terremotos. No dinamarquês, é um terremoto convencional que corta Oslo no meio. Neste filme sueco, original da Netflix, é uma mina, que já vem trazendo problemas para essa pequena cidadezinha, que começa a causar os tremores.


Frigga (Tuva Novotny), a protagonista, é a chefe de segurança dessa zona de exploração mineral e é ela quem tenta dar um jeito em tudo -- salvar o filho desaparecido, compreender o que está realmente acontecendo com a mina e coisas do tipo. É, assim, uma trama que busca ser mais complexa do que é Terremoto, que tem um especialista como protagonista, mas que tem como objetivo salvar a sua família. É um filme de sobrevivência pura e simples. Se assume assim.



O Abismo, enquanto isso, insere uma coletânea de complicadores que não levam o filme para frente e apenas fazem de conta que este é um filme mais complexo. É a relação conflituosa com a filha, o romance complicado com o namorado enquanto o ex-marido fica rondando e, principalmente, toda a questão envolvendo a mina, sem nenhum questionamento mais profundo.


Oras, a partir do momento que o trio de roteiristas Richard Holm, Robin Sherlock Holm e Nicola Sinclair assume que a origem de todo o caos está em um atividade extrativista que está corroendo a cidade por baixo -- olha a semelhança com Maceió aí! --, é preciso trazer algum tipo de discussão sobre isso, mesmo que imerso dentro da ação de sobrevivência que há aqui.


Mas não acontece. O filme traz flashes de discussões aprofundadas sem nunca encontrar um ponto de aprofundamento para ir além do óbvio. A direção de Richard Holm até é hábil em criar algumas cenas de ação, mas nunca chega perto do que fez Terremoto -- e as comparações são inevitáveis. Não há senso de urgência e Frigga é uma protagonista que não causa nada. Afinal, é um funcionária da mina, que deveria cuidar da segurança, mas que falha justamente nisso.


Assim, O Abismo é um filme sem rumo. Sem propósito. Há uma trama de sobrevivência que até pode causar algum tipo de ligação do público com a narrativa, mas isso não é o bastante -- faltam personagens que criem conexão e, quando tenta ser complexo, morre no raso. Assim, na tentativa de copiar Terremoto, a comparação chega e vemos que o novo filme fica bem abaixo.


 

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