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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'O Festival do Amor' é filme de Woody Allen que deixa boas ideias de lado


Curioso como O Festival do Amor é um filme que impede nós, a crítica, de dissociar Woody Allen de tudo que aconteceu com o cineasta nos últimos anos. Afinal, o longa-metragem, estreia dos cinemas desta quinta-feira, 6, puxa no âmago a atual situação de Allen perante Hollywood: um párea completa, apesar de inocentado na Justiça, que não acha mais espaço para o seu cinema.


Aqui, afinal, acompanhamos a história de Mort (Wallace Shawn), a tradicional persona de Woody Allen. Ele acompanha a esposa até o festival de cinema de San Sebastian um tanto quanto contrariado. Afinal, a mulher está mostrando um interesse exagerado em Philippe (Louis Garrel), um cineasta jovem e bonitão cheio de palavras e ideias prontas, mas sem nenhuma novidade.


A partir disso, O Festival do Amor traz tudo que os filmes de Allen sempre trazem: traições, triângulos amorosos, casos não solucionados e por aí vai. Este é o ponto fraco, mais baixo, do longa. É aquilo que não tem brilho algum, não tem originalidade -- ainda que o triângulo amoroso com o personagem de Shawn seja bem diferente de outros triângulos de Woody.

Vale dizer, também, que a atuação de Shawn é um ponto fora da curva do que estamos acostumados a ver na filmografia de Woody Allen. Geralmente, os protagonistas são suas personas bem definidas, com os mesmos anseios, medos, falas e trejeitos do cineastas. Não aqui. O ator protagonista dá um diferenciado para o personagem. Não é mais do mesmo.


O grande problema, porém, é que o ouro do filme, o diamante bruto da história, é relegado, terceirizado. O Festival do Amor fala sobre relacionamentos, claro, mas fala sobretudo sobre o que Allen pensa sobre o cinema. Ele deixa claro que está cansado, de saco cheio mesmo. Esses momentos (como a crítica ao cineasta moderninho), uma pena, são poucos. Ficam de lado.


Se O Festival do Amor focasse mais nisso, nesses comentários de Allen sobre o cinema, e menos nos triângulos amorosos, seria um filmaço -- apesar das recriações de cenas óbvias de filmes europeus, que recaem no simplório. Do jeito que ficou, o cineasta norte-americano mostra, mais uma vez, que está precisando reencontrar sua narrativa afiada. Ficou de fora.

 

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