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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'O Melhor Lugar da Terra', da Netflix, diverte, mas não inova


É impressionante: O Melhor Lugar da Terra, novo filme da Netflix que chegou ao catálogo nesta quarta-feira, 30 de agosto, já é a terceira versão de uma mesma história. Tudo começou em 2003, com um simpático filme francês -- mas que, convenhamos, não é nada demais. Depois veio uma boa adaptação inglesa 10 anos depois, com Brendan Gleeson. Agora, na Netflix, chega esta versão mexicana que, é divertidinha e simpática, mas absolutamente nada demais.


Dirigida por Celso R. García (A Estreita Faixa Amarela), a produção conta a mesma história que já vimos nos outros dois filmes: um vilarejo de pescadores está sofrendo com a diminuição no número de peixes e, desesperados, buscam saídas. Uma delas é convencer uma empresa a fazer da ilha sua sede. Mas como? Para isso, é preciso encontrar algum médico que aceite a ideia e a proposta de ficar fixo na ilha. Mas quem, em sã consciência, se tornaria residente dali?


O Melhor Lugar da Terra, assim, mostra 1h30 de moradores basicamente pregando peças no tal doutor, tentando enganar e, assim, levá-lo a acreditar que está em uma maré de sorte. Eles querem que o médico, de alguma forma, pense que a ilha é um oásis. Com isso, é inegável que há algumas sacadas realmente divertidas. Principalmente nas brincadeiras com os moradores, o tom da comédia é descontraído e tem momentos de riso sincero -- como a correria dos moradores, já perto do final da projeção, para convencer a empresa que há, ali, 200 moradores.

No entanto, logo vem aquela questão de sempre em remakes que se sucedem sem parar: pra que? O que diferencia este filme das outras duas adaptações? O filme inglês até tem uma pegada bem mais dramática do que vimos na produção francesa, mas este filme mexicano não consegue ser realmente diferente de tudo aquilo que já vimos antes. García apenas faz uma colagem com o que deu certo, sem nunca encontrar um propósito próprio do que é contado.


Prova disso é como o filme, mesmo sendo mexicano, não traz nada com que nós, espectadores, possamos identificar como sendo tipicamente do México. O filme poderia ser em Honduras, El Salvador, Panamá e até na Espanha -- afinal, veja só, o longa foi todo rodado no país europeu. É uma falta completa de senso de localização, deixando-o ainda mais genérico a ponto de não ser possível identificar onde a história se passa. Além de ser mais do mesmo, ainda é pasteurizado.


Já deu: o cinema não pode continuar refém de adaptações sem fim, de remakes sem sentido e coisas do tipo. É preciso de ideias originais, ousadas, criativas -- veja Barbie e Oppenheimer, por exemplo, dois grandes sucessos, que souberam explorar o cinema de forma bem diferente do que havia sido feito até agora, independente da qualidade de cada um deles. Remakes, por mais simpáticos, já cansaram. E, agora, nos resta esperar a adaptação brasileira dessa história. Como seria? Leandro Hassum em algum paraíso nordestino, talvez? Já está me dando azia.

 

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