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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'O Preço da Verdade' é filme poderoso sobre busca por justiça

Atualizado: 11 de jan. de 2022


No início da temporada de premiação, quando os palpites sobre os filmes que ficarão em evidência na temporada estão fervilhando, o longa-metragem O Preço da Verdade parecia ser aposta certa. Afinal, o filme é produzido e protagonizado por Mark Ruffalo (Vingadores: Ultimato), queridinho no meio, e dirigido pelo talentoso Todd Haynes (de Carol e Não Estou Lá).


No entanto, o Oscar já passou e O Preço da Verdade não fisgou nem uma única indicação. E não poderia ser mais injusto. O longa, que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, 13, possui uma mensagem urgente e necessária, além de atuações poderosas e uma direção muito consistente. Pode não ter deixado sua marca na premiação do Oscar, mas merece atenção.


A trama acompanha a jornada de Robert Bilott (Ruffalo), um advogado especialista em defender corporações químicas. No entanto, num dia qualquer, ele acaba se deparando com um material perturbador: a cidade que abriga o aterro de uma gigante indústria química americana, a Dupont, está ficando doente. Animais morrendo, pessoas com câncer, plantações apodrecendo.


Nisso, Bilott resolve investigar. E, aos poucos, com o apoio emocional da esposa (Anne Hathaway) e suporte do chefe (Tim Robbins) no trabalho, o advogado descobre um crime bizarro.


Baseado em uma história real, O Preço da Verdade não é um mero drama de tribunal, como pode parecer num primeiro momento. A briga na Justiça é apenas um pequeno detalhe de uma trama focada, na verdade, na luta por Justiça -- o que, neste caso, envolve grupos sociais, interesses corporativos e coisas do tipo. A jornada de Bilott vai além da defesa e da acusação.

Haynes, que não dirigia com tanto vigor desde Carol, dá voz aos personagens que precisam de voz. Não liga em valorizar alguns pontos da narrativa em detrimento do ritmo ou da percepção de que a história está avançando. Como o bom diretor que é, o cineasta valoriza os fatos, a essência da trama. Isso é perceptível pra quem está sentado na poltrona, mergulhando no filme.


Ruffalo também faz sua melhor atuação desde Foxcatcher -- mais um que merecia estar na concorrida categoria de Melhor Ator do Oscar. Ele muda a postura, a entonação da voz. A sua dor e sua preocupação com o próximo é latente. Em determinado momento, como deve ser, não se vê mais Ruffalo na tela. Apenas Bilott. É isso que um grande ator faz em um grande papel.


Hathaway (O Diabo Veste Prada) também está bem, apesar de atravancar um pouco a trama. Quem chama a atenção, de fato, é Robbins (Sobre Meninos e Lobos). Que ótima atuação.


A mensagem final também é poderosa -- apesar de dar esperança num assunto que merecia um pouco mais de crítica. Teria sido interessante se o roteiro do estreante Mario Correa e de Matthew Michael Carnahan (Guerra Mundial Z) batesse mais na tecla da ligação entre os poderes -- algo que, de alguma forma, Tropa de Elite 2 fez. Teria dado mais urgência ao filme.


Mas, ainda assim, O Preço da Verdade é um filme potente, inteligente e atual. Traz discussões pertinentes e faz o espectador pensar -- indo muito além de um drama de tribunal batido e sem apelo ao público. Pena que a Academia não lembrou da produção em Melhor Ator, Melhor Ator Coadjuvante ou Melhor Roteiro Adaptado. Uma história dessa merecia maior projeção.

 
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