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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'O Rei das Fugas', da Netflix, é filme estiloso, mas vazio


Zdzislaw Najmrodzki é uma lenda, quase um mito, na Polônia. Afinal, ele não fugiu uma ou duas vezes da polícia -- seja em cenas de crime, tribunais ou prisão --, mas 29 vezes. Isso mesmo: Zdzislaw escapou de condenações em quase trinta oportunidades. É uma história e tanto, que já nasceu com cara de filme. Agora, ganha sua versão nas telas com o mediano O Rei das Fugas.


Dirigido por Mateusz Rakowicz (Romantik), o longa-metragem até engana bem no começo. Mergulhando rapidamente nessa história inacreditável, o cineasta coloca muito estilo na forma de filmar. As luzes dão um brilho especial na produção, enquanto percebe-se um cuidado acima da média com figurino e cenários. Tudo trabalha em prol da criação da ambientação correta.


Além disso, Rakowicz deixa bem claro de como gosta de brincar com a câmera. Tem cenas em câmera lenta (mesmo que não sejam realmente necessárias no momento) e até mesmo uma sequência bullet time, ao estilo Matrix, em que o personagem de Zdzislaw se move normalmente observando charutos enquanto tudo corre ao redor. De novo: desnecessário, ainda que divertido.


No entanto, o filme não tem estofo, não tem conteúdo. A situação das fugas é repetida à exaustão e, apesar de toda a mitologia ao redor do personagem, o diretor não consegue reproduzir isso na tela para quem é de fora da Polônia. Fica um filme cansativo, sem brilho, que parece funcionar apenas na estética. Na essência, na hora de contar história, não funciona.


Parece um filme do Michael Bay. Cenas de videoclipe, um excesso de uma fotografia desbotada, mas pouquíssimo conteúdo. O Rei das Fugas tenta desesperadamente ser cool, ser bacana, ser legal. Mas falha. O humor, que deveria ser uma peça essencial já que o longa é vendido como uma comédia, fica perdido entre piadas de tiozão e sacadas que, de graça, nem sombra.


Isso torna toda a experiência frustrante. Afinal, promete muito no começo, mas entrega pouco, quase nada, na hora de recompensar o expectador com boas histórias. O Rei das Fugas tem apenas uma casca bonita, deixando o que há de melhor -- as boas histórias -- apenas de lado. Poderiam, assim, ter trabalhado mais no roteiro ao invés de inventar tanto com a câmera.

 

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