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Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'O Silêncio da Cidade Branca' é suspense espanhol medíocre da Netflix


Nos últimos anos, o suspense espanhol está em evidência nos cinemas. Produções como El Cuerpo, Durante a Tormenta e Um Contratempo criaram legiões de fãs e fizeram com que o grande público olhasse para o que sai do país europeu. Por isso, natural que as pessoas nutram expectativas com O Silêncio da Cidade Branca, novo suspense espanhol lançado pela Netflix.


E é natural, também, que as pessoas se decepcionem com a produção. Dirigida por Daniel Calparsoro (O Aviso), O Silêncio da Cidade Branca é um amontoado de clichês e situações que já foram exploradas por outros filmes num envelope moderninho. Sem um pingo de originalidade, o longa se apresenta de maneira medíocre e deve afastar o público que busca boas histórias.


O pior de tudo, porém, é que a premissa é interessante. Depois de prender um serial killer que matava jovens casais e os colocava juntos no leito de morte com plantas escondendo suas partes íntimas, o investigador Unai López (Javier Rey) é surpreendido com crimes semelhantes. O que aconteceu? São seguidores do criminoso original ou prenderam a pessoa errada?


A partir disso, Calparsoro e os roteiristas Roger Danès e Alfred Pérez Fargas (ambos de O Fotógrafo de Mauthausen) se valem de personagens clichês para construir a narrativa e tentar envolver o público. Mas o resultado não é nada além de medíocre. O policial afetado por dramas familiares, o suspeito estranho, o criminoso inteligentíssimo que imita O Silêncio dos Inocentes.

Tudo está nessa fórmula genérica e sem personalidade conduzida por Calparsoro. Mesmo com a premissa interessante, a história não consegue se desenvolver com pernas próprias em momento algum e fica naufragada num mar de obviedades. Difícil se envolver com o protagonista e mais difícil ainda se envolver com a solução dos crimes apresentados no longa.


Afinal, os roteiristas cometem a barbaridade de mostrar a solução por trás do mistério pouco antes da metade da rodagem. Depois disso, são cerca de 50 minutos de enrolação. De um detetive desinteressante, chato e sem personalidade que precisa segurar o filme o tempo todo. O mistério some. E O Silêncio da Cidade Branca vira nada mais do que uma sopa de nada.


No final, ainda por cima, a produção descamba para o ridículo. Tentando criar tensão, o cineasta coloca uma cena de fuga absurda e uma conclusão tão óbvia e sem sal que desanima mais ainda. A sensação é de que as quase duas horas de duração foram jogadas no lixo por conta de uma produção que não envolve, não cativa, não surpreende. Cadê a criatividade dos espanhóis?


O bom de O Silêncio da Cidade Branca é que ele mostra como, apesar do bom momento do cinema espanhol de suspense, nem tudo é perfeito. É preciso ficar de olho nos grandes diretores do gênero, principalmente Oriol Paulo. De resto, melhor ir com cautela. Alguns filmes vão tentar embarcar no ânimo contagiante do público. E vão mostrar que são vazios por dentro. Uma pena.

 
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