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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Os Melhores Anos de uma Vida' revisita antiga história com preguiça


O filme Um Homem, Uma Mulher, de 1966, foi um marco no cinema francês. Dirigido por Claude Lelouch, o longa-metragem emociona com a história de dois viúvos que enfrentam dificuldades em engatar um romance sincero. Venceu o Oscar de Melhor Filme Internacional e consagrou Lelouch. Vinte anos depois, o francês fez um especial com os mesmos atores. Foi um fracasso.


Agora, 55 anos depois, o diretor francês faz a visita final aos personagens de Um Homem, Uma Mulher: é o filme Os Melhores Anos de uma Vida. Novamente protagonizado por Jean-Louis Trintignant (Amor) e Anouk Aimée (do excepcional 8 1/2). Aqui, eles já estão idosos e Jean-Louis, especificamente, começa a sentir com força o peso da idade. A memória se esvai aos poucos.


Roteirizado pelo próprio Claude Lelouch, o longa-metragem tem certa beleza inicial. É bonito o reencontro dos dois personagens, principalmente para quem ter certo comprometimento emocional com Um Homem, Uma Mulher. Os dois atores, afinal, possuem domínio sobre os seus personagens e conseguem emocionar nas primeiras cenas, quando o reencontro acontece.

No entanto, rapidamente, Os Melhores Anos de uma Vida logo começa a se perder. Lelouch aposta na mesmice, e numa trama absurdamente cansativa, em que os dois personagens tão marcantes -- com cenas fortes no filme de 1966, tão marcantes no cinema francês -- apenas conversam. E conversam. E conversam. Num papo que simples não avança, não vai pra frente.


Já sem memória, o personagem de Jean-Louis fica andando em círculos. Não sai do lugar. E cai num abstratismo que, tão presente na conversa, deixa o filme apenas mais cansativo -- oras, queremos ver esses dois personagens conversando, não apenas em bate-papo sem sentido. E Lelouch mostra cansaço também. Usa e abusa de imagens de arquivo para fazer o filme render.


No final, há uma sensação de vazio, de mesmice, de uma história que deveria ter começado e terminado lá em 1966. Apesar desse formato que lembra Antes do Amanhecer, em que um não-casal vai se revendo em três diferentes décadas, não há a mesma força, pungência, romantismo. Lelouch perdeu uma oportunidade de fazer um filme emocionante. Ele apenas caiu no vazio.

 
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