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  • Foto do escritorJoão Pedro Yazaki

Crítica: ‘Os Segredos de Madame Claude’ é mais um caça-níquel esquecível da Netflix

Atualizado: 11 de jan. de 2022


A Netflix adora lançar umas bombas de vez em quando. Os Segredos de Madame Claude é uma delas. Escrito e dirigido por Sylvie Verheyde, o filme francês baseia-se em fatos reais para contar a história de Fernande Grudet (Karole Rocher), a Madame Claude, uma influente empresária que lidera um dos maiores negócios ligados à prostituição da Europa durante os anos 60 e 70.


O longa foca na protagonista, uma mulher bastante determinada a explorar ao máximo a forma objetificada que os homens tratam as mulheres. Por conta disso, ela decide montar o próprio negócio para se enriquecer através de homens extremamente poderosos, desde embaixadores asiáticos até estrelas de Hollywood, algo que também a deixa na mira de mafiosos e políticos franceses. Ao decorrer do filme, vemos mais a fundo quem é Madame Claude e como ela vai fazer de tudo para ter o que quer. Sua personalidade forte e misteriosa é o que convida o espectador a querer descobrir mais sobre essa história.


No início, a premissa é interessante. A forma fria e meticulosa de como Claude conduz as operações é bem intrigante, principalmente como trata as mulheres que trabalham para ela como se fossem pura mercadorias. O filme gosta de deixar claro que Claude é uma pessoa incapaz de amar alguém. Tudo o que ela faz é para ganhar dinheiro, e só. Se uma das mulheres voltar de um dos “trabalhos” com sérios ferimentos no corpo, Claude só irá se importar se vier uma mochila cheia de francos franceses junto.

No entanto, tudo o que o filme tem de bom para por aí. Não vemos nada em Claude além de ser essa pessoa que é. As justificativas são poucas e quase não convencem. Durante os primeiros 30 minutos, percebemos vários tipos de conflitos e problemáticas que o longa poderia abordar, mas não sai da primeira camada e acaba estacionado no básico.


Tudo é muito raso e sem foco. Além de Madame Claude, os personagens são meros acessórios sem carisma. Uma delas é a jovem Sidonie, interpretada por Gerance Marillier, alguém que chega na vida de Claude causando fortes impactos, mas é rapidamente descartada no meio da história sem grandes avisos.


A linguagem é outro fator que não impressiona. Quase não vemos esforços na composição audiovisual. As cores, as músicas e os enquadramentos são todos feitos de qualquer jeito. O que o filme faz questão de mostrar é nudez explícita e inúmeras cenas de sexo, sendo a maioria sem sentido. Apenas uma ou outra que impactam no arco de algumas personagens, se fazendo relevantes.


Os Segredos de Madame Claude não chega nem perto do que gostaria. Consegue prender durante o primeiro ato com a figura interessante de Madame Claude e seu império da prostituição. Porém, chega na metade e já não há mais foco. A história fica toda desestruturada e o espectador torce para acabar logo. Uma pena, pois tinha muito potencial para ser uma obra repleta de discussões com uma história emocionante. No fim das contas, acaba sendo mais um filme esquecível da Netflix.

 
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