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  • Bárbara Zago

Crítica: 'Paulo, Apóstolo de Cristo' peca com mensagens excessivas


“O filme do Edir Macedo é mais fodão” foi o primeiro comentário que escutei, dentro do elevador, logo após acabar a sessão de imprensa do mais novo filme da Sony. Não acho que eu esteja qualificada para comparar, já que não assisti Nada a Perder, mas sinto como se essa afirmação fosse completamente válida.

A religião, católica no caso, sempre teve espaço na minha vida. Mas confesso estar longe de ser praticante, mal lembrando da última vez em que fui à uma missa. Mas assistir Paulo, o Apóstolo de Cristo foi equivalente à um sermão inteiro, e isso não necessariamente é uma coisa boa. Dirigido por Andrew Hyatt (do também religioso Cheia de Graça), o filme conta a história de Lucas, responsável por transmitir os pensamentos de Paulo enquanto este estava encarcerado após ser declarado responsável pela destruição de Roma após um incêndio devastador.

Desde Os Dez Mandamentos e toda a polêmica de falsas salas de cinema lotadas, fiquei com um pé atrás quando se fala em filmes explicitamente religiosos, ainda mais tratando de um longa bíblico. Dei uma nova chance na esperança de aprender novas coisas, e não de assistir uma tentativa de conversão religiosa/batismo, mas não obtive tanto sucesso. Como a grande maioria do gênero, é repleto de frases motivacionais que parecem ter sido cuidadosamente elaboradas, dando a impressão de inverossímil. Ainda que traga boas reflexões, o filme acaba pecando (risos) por repetidamente tentar passar uma mensagem sobre perdão.

O próprio título do longa já revela ao espectador qual religião está em pauta. No entanto, o filme se diz ser dedicado à todos aqueles que já foram perseguidos por sua fé, o que nos dias de hoje, infelizmente, seria o equivalente a dizer que é dedicado à todos. A história se passa em 67 d. C. em que é necessário decidir: permanecer em Roma, o que implicaria em inúmeras mortes, ou abandonar a cidade, deixando para trás toda a sua luta e todos àqueles que não tem a mesma opção? “Antes de cristãos, somos romanos!”, diz Cássio, completamente transtornado com a ideia de abandonar Roma. A ideia de começar uma revolução foi a melhor parte da história, mas para por aí.

Talvez o filme agrade outro tipo de público. Ainda que seja importante para refletir sobre sua relação com o próximo, acaba tendo um tom exagerado de moralidade e torna-se exaustivo. Seus 108 minutos de “Deus seja louvado” acabaram sendo tão pesados, que ir à missa seria uma melhor opção.

 
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