Foi em 2016 que o cineasta brasileiro Alê Abreu encantou e surpreendeu o mundo ao conseguir uma indicação ao Oscar de Melhor Animação por seu trabalho sensível em O Menino e o Mundo. Não venceu a categoria, mas entrou para uma seleta lista de grandes nomes da animação. Seis anos depois da indicação, e dez anos depois das primeiras exibições do seu filme premiado, Abreu volta às telas com Perlimps, filme que chega às telas dos cinemas nesta quinta-feira, 9.
Assim como em seu trabalho anterior, o diretor trabalha com o minimalismo e a sensibilidade para falar sobre Claé e Bruô, dublados com talento por Giulia Benite e Lorenzo Tarantelli.
Eles são espiões de reinos rivais, nesse universo criado por Alê Abreu, e precisam unir forças para localizar os Perlimps, seres mágicos que podem ajudar a salvar o mundo. Ainda que um pouco ingênuo demais, o longa-metragem consegue emocionar pais e filhos com uma mensagem bonita sobre paz, união e contra a guerra. Coisas que, ainda hoje, fazem sentido.
O visual também é algo que não dá pra discutir. Perlimps é quase uma aquarela, trazendo uma paleta de cores que fala diretamente com os temas tratados por Alê. Você, principalmente se estiver assistindo em uma tela grande, fica imerso dentro das próprias ideias do cineasta, que coloca muito do que está sendo dito nas cores. É uma construção visual impressionante.
No entanto, o filme conta com alguns problemas que não podemos fechar os olhos. Primeiro que a narrativa, que tem roteiro do próprio Alê Abreu, é muito atravancada: o filme precisa parar, a todo momento, para explicar novos personagens, cenários, acontecimentos, pensamentos. Isso vai deixando o filme deveras cansativo, quase sem forças. Vai dar sono em muita gente. Pena.
Além disso, a história é exageradamente maniqueísta. Bem e mal. Fora que, em 2023, é difícil pensar, no Brasil, em uma união de dois lados de uma mesma moeda como se fosse a solução de tudo. O filme chega velho -- ainda que o final, indo de acordo com tudo o que o mundo vive durante o duro e complicadíssimo século de 2020, seja bastante sombrio e questionador.
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