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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: 'Quando a Vida Acontece' explora dramas familiares na Netflix


Existem um bom punhado de filmes que tratam de mães e pais que não podem ter filhos. A própria Netflix acertou recentemente com o potente Mais uma Chance, enquanto A Qualquer Preço avança para um thriller mais calcado na ação. E agora chega ao catálogo da gigante do streaming o bom Quando a Vida Acontece, drama alemão que estreou nesta quarta-feira, 11.


Dirigido pelo estreante Ulrike Kofler e baseado num curta-metragem, o longa-metragem conta a história de um casal (Lavinia e Elyas M'Barek) que tenta engravidar, mas não consegue. Desiludidos e já sem esperanças, eles decidem passar uns dias em um hotel afastado do dia a dia da cidade. É lá que eles acabam entrando em contato com uma espécie de "família perfeita".


Com toques dramáticos intensos, permeado por alguma comédia de situações, o longa-metragem busca trazer cada aspecto dessa impotência paternal e maternal — a relação entre os dois, a relação com o exterior, os problemas que surgem de pequenas coisas do dia a dia e por aí vai. Há uma certa sensibilidade no que Kofler faz, mesmo sendo de primeira viagem.

Além das ótimas atuações de Wilson (Hey Bunny) e M'Barek (A Onda), o que A Qualquer Preço sabe fazer de melhor é "construir o clima". Ainda que haja certo exagero no uso da ambientação da praia para algumas significações, o diretor sabe seguir para um tom que transita entre o desespero e a frustração, o riso e o choro. Lembra o excelente Tully em alguns momentos.


Uma pena que o diretor, porém, opte por alguns recursos piegas. Há uma história envolvendo um aborto que pode dar margem para negacionistas e pró-vida emendarem com discursos sem qualquer consistência. Além disso, vale dizer, algumas relações sociais não são bem montadas e acabam caindo em uma artificialidade cansativa -- principalmente com os tais vizinhos.


Mas, no geral, Quando a Vida Acontece é um bom filme, o que explica sua seleção pela Áustria para competir por uma vaga ao Oscar de Melhor Filme Internacional. Tem seus problemas e suas instabilidades, mas ainda assim sabe abordar um tema tão delicado quanto o da infertilidade. Poderia ser mais intenso em alguns momentos, mas tudo bem. Emociona.

 
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