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  • Bárbara Zago

Crítica: 'Querido Menino' é filme sensível com excelentes atuações


Com exceção do péssimo Hot Summer Nights, lançado no ano passado, Timothée Chalamet têm escolhido excelentes filmes para atuar, como é o caso de Me Chame Pelo Seu Nome e Lady Bird, ambos notados pela Academia em 2018. Com um papel mais sensível e pesado, ele chama a atenção do público em Querido Menino, atuando ao lado de Steve Carell. Baseado no livro Cristal na Veia, o filme conta a história verídica de Nicolas Sheff, que lutou desde jovem contra a dependência química. No entanto, a trama acompanha o ponto de vista do pai, David Sheff (Carell), que lutou tanto quanto para conseguir lidar com o vício do filho e todos os problemas que o acompanham.

Steve Carell se mostrou um excelente ator de comédia ao longo de toda a sua carreira, seja por filmes como O Virgem de 40 Anos ou até a série The Office, porém se provou também como ator dramático com Pequena Miss Sunshine, entregando uma atuação brilhante. E o mesmo acontece em Querido Menino, o que torna um absurdo o fato de ele não ter sido cogitado para o Oscar de Melhor Ator Principal. A luta, e com ela o luto, de um pai que enfrenta ao ver seu filho ser cada vez mais consumido pelas drogas é nitidamente dolorosa. Mais do que isso, o sentimento de impotência e frustração, que também são extremamente bem representadas por Carell.

A trilha sonora melancólica, e por vezes perturbadora, é responsável por deixar o espectador imerso na realidade de um dependente químico. No entanto, o longa possui um ritmo um pouco arrastado e cansativo, não sendo necessárias as mais de duas horas de duração. Junto disso, o filme utiliza diferentes recortes temporais, que acabam prejudicando o entendimento como um todo, facilmente confundindo o público.

De fato, o filme possui defeitos que justificam sua não indicação ao Oscar nessa categoria. No entanto, outro que merecia a indicação ao prêmio de Melhor Ator Coadjuvante é Chalamet, que conseguiu ser sensível e respeitoso ao retratar a doença. Acompanhando Nicolas Sheff durante o processo de filmagens, fez questão de entregar uma versão próxima da realidade, mostrando que o vício controla o indivíduo mais do que podemos imaginar. Mais uma vez, o nova-iorquino se prova um dos melhores atores dessa geração.

O que diferencia Querido Menino de outros filmes é o foco. O sofrimento e a culpa que os pais carregam, ainda que não sejam responsáveis por isso e não conseguem salvar um dependente. A reabilitação é um tratamento sofrido para todos que o acompanham, e muitas vezes o cinema dá ênfase apenas àqueles que sofrem diretamente com o vício. Sensível e bem retratado, permite que enxerguemos a dependência química com outros olhos.

 

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