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  • Foto do escritorMatheus Mans

Crítica: ‘Quo Vadis, Aida?’ é um dos filmes mais triste do Festival de Toronto

Atualizado: 5 de out. de 2020


Fui assistir ao filme Quo Vadis, Aida?, seleção oficial do Festival de Toronto, sem saber direito o que era. O título era curioso, de origem bósnia. Logo de cara, porém, o longa-metragem já dá seu recado: com um estilo claustrofóbico parecido com O Filho de Saul, conta a história de uma mulher tentando salvar seus filhos e marido de um genocídio.


Isso mesmo. Nos anos 1990, a Sérvia invadiu a Bósnia e militarizou várias regiões. Matou milhares no processo. Mas o drama principal, e onde se passa Quo Vadis, Aida?, ficou na cidade de Srebrenica. Lá, forças bósnias resistiram. E a Sérviu atacou com tudo que podia. Quem não tinha nada a ver com isso, buscou refúgio na sede da ONU ali na região.


E é lá que se passa o longa-metragem. A protagonista Aida (Jasna Djuricic) é tradutora e ajuda nas negociações entre bósnios, sérvios e funcionários da ONU. Assim, ela percebe que a coisa começa a sair dos trilhos e, rapidamente, passa a agir para colocar seu marido e seus filhos para dentro dos muros da organização, que precisou deixar milhares de fora.


A diretora Jasmila Zbanic (do bonito Em Segredo) se vale de uma câmera quase documental para acompanhar essa mulher. No fundo, fica a contextualização para o espectador desavisado. Entendemos, assim, a dor dos bósnios. O descaso da ONU que, assim como em várias outras crises, não soube tratar o conflito de fato como deveria.


Obviamente, é uma crítica sem spoilers. Por isso não falarei nada sobre o final. Mas é impossível, diria, não ficar revoltado. De coração partido. Mostra que, mais do que violência e atentados à democracia, genocídios também acontecem por incompetência. Por falta de ação de autoridades. O espectador, junto com aqueles milhares de bósnios, sofre junto.


É, assim, um filme sensível e delicado, mas sem deixar de expor suas dores e fraturas para o mundo. Mostra esse genocídio que, como o armênio, acabou sumindo nas páginas de histórias. Por mais que filmes romantizem algumas coisas, Quo Vadis, Aida? é um longa mais do que necessário. É urgente. Só assim podemos evitar similaridades no futuro.


 
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